São Paulo, Quinta-feira, 05 de Agosto de 1999
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PAÍS VIZINHO
Embaixador diz que país precisa de apoio internacional para política de negociação com guerrilha
Colômbia quer apoio à opção por diálogo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília

O embaixador da Colômbia em Brasília, Mário Galofre Cano, disse ontem à Folha que, "quanto mais solidária for a comunidade internacional, maior será a pressão para que os grupos levantados em armas admitam a possibilidade da paz".
Ele respondia à questão de qual é a expectativa da Colômbia em relação ao comportamento do Brasil diante da crise político-militar daquele país.
"O que nós esperamos do Brasil e de toda a comunidade internacional é apoio à política do governo para que o diálogo com a guerrilha continue para chegar à paz", afirmou ele.
Ao contrário da maioria dos analistas, o embaixador diz que as perspectivas de chegar à paz por meio de negociações continuam a existir.
"O governo tem aberto todas as cartas e tem dado todas as garantias para que o processo prossiga", declarou ele.
Mas não tem havido diálogo nem mesmo para que se discutam as discordâncias em relação aos procedimentos sobre como vai se compor e quais serão os objetivos de uma comissão internacional de verificação das negociações entre as partes.
O governo quer que a comissão seja constituída por Estados; a guerrilha prefere o critério de personalidades.
Também não há concordância sobre a possibilidade de a comissão controlar respeito aos direitos humanos e tráfico de drogas.
As conversações deveriam ter sido retomadas em 19 de julho. No dia 30, houve um encontro informal, que não chegou nem mesmo a uma nova data.
No fim do ano passado, o governo atendeu à reivindicação básica de um dos grupos guerrilheiros, o mais importante (as Farc, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que era a retirada do Exército nacional de uma região de 42 mil km2, chamada "área de distensão".
O outro grupo guerrilheiro, oELN (Exército de Libertação Nacional), não ganhou uma "área de distensão". Segundo o embaixador Galofre Cano, por não a ter reivindicado.
Na "área de distensão" das Farc, de acordo com Galofre Cano, não têm ocorrido conflitos. Mas há queixas da população de tratamento brutal dos guerrilheiros contra pessoas que julgam ser inimigas, inclusive a ocorrência de 11 execuções após julgamentos sumários.
Em outras regiões, as Farc têm estado na ofensiva nas últimas semanas. Combates recentes causaram 360 mortes.
O ELN mantém dezenas de reféns, segundo o grupo em protesto por não ter sua própria "área de distensão".


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