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PAÍS VIZINHO
Embaixador diz que país precisa de apoio internacional para política de negociação com guerrilha
Colômbia quer apoio à opção por diálogo
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
O embaixador da Colômbia em
Brasília, Mário Galofre Cano, disse ontem à Folha que, "quanto
mais solidária for a comunidade
internacional, maior será a pressão para que os grupos levantados
em armas admitam a possibilidade da paz".
Ele respondia à questão de qual
é a expectativa da Colômbia em
relação ao comportamento do
Brasil diante da crise político-militar daquele país.
"O que nós esperamos do Brasil
e de toda a comunidade internacional é apoio à política do governo para que o diálogo com a guerrilha continue para chegar à paz",
afirmou ele.
Ao contrário da maioria dos
analistas, o embaixador diz que as
perspectivas de chegar à paz por
meio de negociações continuam a
existir.
"O governo tem aberto todas as
cartas e tem dado todas as garantias para que o processo prossiga", declarou ele.
Mas não tem havido diálogo
nem mesmo para que se discutam
as discordâncias em relação aos
procedimentos sobre como vai se
compor e quais serão os objetivos
de uma comissão internacional
de verificação das negociações
entre as partes.
O governo quer que a comissão
seja constituída por Estados; a
guerrilha prefere o critério de personalidades.
Também não há concordância
sobre a possibilidade de a comissão controlar respeito aos direitos
humanos e tráfico de drogas.
As conversações deveriam ter
sido retomadas em 19 de julho.
No dia 30, houve um encontro informal, que não chegou nem mesmo a uma nova data.
No fim do ano passado, o governo atendeu à reivindicação básica
de um dos grupos guerrilheiros, o
mais importante (as Farc, Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia), que era a retirada do
Exército nacional de uma região
de 42 mil km2, chamada "área de
distensão".
O outro grupo guerrilheiro,
oELN (Exército de Libertação Nacional), não ganhou uma "área de
distensão". Segundo o embaixador Galofre Cano, por não a ter
reivindicado.
Na "área de distensão" das Farc,
de acordo com Galofre Cano, não
têm ocorrido conflitos. Mas há
queixas da população de tratamento brutal dos guerrilheiros
contra pessoas que julgam ser inimigas, inclusive a ocorrência de 11
execuções após julgamentos sumários.
Em outras regiões, as Farc têm
estado na ofensiva nas últimas semanas. Combates recentes causaram 360 mortes.
O ELN mantém dezenas de reféns, segundo o grupo em protesto por não ter sua própria "área de
distensão".
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