São Paulo, sexta, 5 de setembro de 1997.



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TERROR
Arafat fracassou, diz Netanyahu
Novo ataque mata 7 em Jerusalém

CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial*

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ameaçou ontem encerrar de vez o já estancado processo de paz com os palestinos, horas depois de um novo ataque de terroristas suicidas no coração de Jerusalém, que matou sete pessoas, entre as quais os três terroristas, e feriu 172.
Netanyahu disse que os acordos de paz se baseavam na troca de territórios (habitados pelos palestinos, mas ocupados por Israel) pela segurança do Estado judeu.
Como "os palestinos falharam miseravelmente (na questão da segurança), a base primordial para tal acordo não existe", disse.
A linguagem de Netanyahu foi ainda mais dura do que o tom belicoso usado na sequência do atentado anterior, dia 30 de julho, que matou 17 pessoas (inclusive os dois terroristas).
Mas, desta vez, Netanyahu recebeu um respaldo muito mais claro de parte dos Estados Unidos.
A secretária de Estado, Madeleine Albright, exigiu das autoridades palestinas que lutem contra o terrorismo "24 horas por dia" e até detalhou providências específicas: "Ação unilateral para prevenir o terrorismo e destruir a sua infra-estrutura, assim como criar um ambiente político em que não haja tolerância para com o terror".
Albright telefonou para se solidarizar com Netanyahu e saber se deveria manter a sua viagem à região, programada para a partir de terça-feira.
Netanyahu respondeu que seria calorosamente recebida. Albright manteve a viagem, mas o foco original ("reenergizar" o processo de paz) parece ter mudado.
"Não podemos ceder ao terrorismo e é com isso em mente que planejo viajar ao Oriente Médio na data prevista", disse Albright.
O Hamas (Movimento de Resistência Islâmico) assumiu a autoria do atentado, em telefonema à agência de notícias "France Presse". Deu ainda prazo até dia 14 para Israel libertar os prisioneiros do movimento.

As mesmas cenas
Netanyahu recebeu também telefonema de condolências do rei Hussein, da Jordânia, que acabou por fazer um retrato acabado da situação, ao dizer: "Lamento ter de chamar sempre em tais ocasiões".
O rei telefonara em seguida ao atentado no mercado, que produziu cenas muito semelhantes às de ontem.
Desta vez, o alvo foi o calçadão Ben Yehuda (ver mapa), movimentado como sempre no horário (15h02 em Jerusalém, 9h02 em Brasília) em que ocorreu uma sequência de três explosões.
A espinha dorsal de um dos terroristas voou longe, diretamente para o interior da loja de Yaacov Hakim. A cabeça do terrorista, pouco mais do que adolescente, caiu na porta, separada do corpo.
A polícia informou que os três terroristas, um deles aparentemente vestido de mulher, estavam separados uns dos outros por cerca de 10 metros.
Pedaços de corpos ficaram espalhados pelo calçadão, entre vidros quebrados e destroços.
Muitos dos 172 feridos estão em estado crítico.
O governo israelense reagiu com a medida de praxe: reimpôs o bloqueio total dos territórios palestinos, já adotado após o atentado anterior, mas que vinha sendo relaxado nos últimos dias.
Além disso, suspendeu uma reunião com as autoridades palestinas, para coordenar a segurança. "Não é hora de falar, mas de atuar contra os terroristas", justificou Yitzhak Mordechai, ministro da Defesa.
O líder palestino, Iasser Arafat, queixou-se à rede norte-americana de TV CBS que seu helicóptero havia sido proibido de voar por Israel, o que, na prática, representaria seu confinamento à faixa de Gaza. Israel negou que tenha imposto a proibição.


*Com agências internacionais



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