São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2008

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Conflito entre Unita, MPLA e FNLA deixou 500 mil mortos e emulou a Guerra Fria

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A guerra civil angolana ganhou corpo quando os três grupos que combatiam o colonialismo português -MPLA, Unita e FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola)- passaram a disputar o poder antes da saída de Portugal, em 1975.
O conflito inseria-se no contexto da Guerra Fria: a União Soviética e Cuba apoiavam o MPLA, grupo marxista que controlava Luanda e era dominado, em sua maioria, pela etnia mbundu; a África do Sul (sob o apartheid) e os EUA apoiavam a Unita, com raízes no centro-sul, região da etnia ovimbundu, e adotava um discurso pró-Ocidente; e o Zaire (hoje República Democrática do Congo) e também os EUA apoiavam a FNLA, com bases na fronteira com o país vizinho, em área da etnia bakongo.
Em 1975, com o apoio de soldados cubanos, o MPLA expulsou as tropas sul-africanas e zairenses e formou um governo socialista unipartidário. A Unita e a FNLA uniram-se então contra o MPLA, iniciando uma guerra longa e devastadora que viria a causar 500 mil mortes.
Aos poucos, a Unita, sob liderança de Jonas Savimbi, tornou-se a maior ameaça ao MPLA, que via como "assimilado" e "mestiço".
No início dos anos 90, com o fim da Guerra Fria e do apartheid, a ajuda externa aos partidos encolheu. Costurou-se, então, um cessar-fogo e, em 1992, ocorreram as primeiras eleições do país. José Eduardo dos Santos, do MPLA, teve 49,6% dos votos, e Savimbi, 40,7%.
Mas, antes do segundo turno, a Unita retomou a guerra civil, que só foi acabar de vez em 2002, com a morte de Savimbi.
Com a paz, alguns quadros da Unita assumiram cargos no governo, o que criou um paradoxo: o partido passou a ser, ao mesmo tempo, situação e oposição. Na campanha, posicionou-se na oposição. Sem as diferenças ideológicas de outrora e com as rixas étnicas apaziguadas, saberá nas urnas o que lhe restou de apoio popular após a morte de seu líder. (JF)


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