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Conflito entre Unita, MPLA e FNLA deixou 500 mil mortos e emulou a Guerra Fria
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A guerra civil angolana ganhou corpo quando os três grupos que combatiam o colonialismo português -MPLA, Unita e FNLA (Frente Nacional de
Libertação de Angola)- passaram a disputar o poder antes da
saída de Portugal, em 1975.
O conflito inseria-se no contexto da Guerra Fria: a União
Soviética e Cuba apoiavam o
MPLA, grupo marxista que
controlava Luanda e era dominado, em sua maioria, pela etnia mbundu; a África do Sul
(sob o apartheid) e os EUA
apoiavam a Unita, com raízes
no centro-sul, região da etnia
ovimbundu, e adotava um discurso pró-Ocidente; e o Zaire
(hoje República Democrática
do Congo) e também os EUA
apoiavam a FNLA, com bases
na fronteira com o país vizinho,
em área da etnia bakongo.
Em 1975, com o apoio de soldados cubanos, o MPLA expulsou as tropas sul-africanas e
zairenses e formou um governo
socialista unipartidário. A Unita e a FNLA uniram-se então
contra o MPLA, iniciando uma
guerra longa e devastadora que
viria a causar 500 mil mortes.
Aos poucos, a Unita, sob liderança de Jonas Savimbi, tornou-se a maior ameaça ao
MPLA, que via como "assimilado" e "mestiço".
No início dos anos 90, com o
fim da Guerra Fria e do apartheid, a ajuda externa aos partidos encolheu. Costurou-se, então, um cessar-fogo e, em 1992,
ocorreram as primeiras eleições do país. José Eduardo dos
Santos, do MPLA, teve 49,6%
dos votos, e Savimbi, 40,7%.
Mas, antes do segundo turno,
a Unita retomou a guerra civil,
que só foi acabar de vez em
2002, com a morte de Savimbi.
Com a paz, alguns quadros da
Unita assumiram cargos no governo, o que criou um paradoxo: o partido passou a ser, ao
mesmo tempo, situação e oposição. Na campanha, posicionou-se na oposição. Sem as diferenças ideológicas de outrora
e com as rixas étnicas apaziguadas, saberá nas urnas o que lhe
restou de apoio popular após a
morte de seu líder.
(JF)
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