São Paulo, sábado, 5 de setembro de 1998

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ESCÂNDALO NA CASA BRANCA
Na Irlanda, presidente americano reage a críticas de senadores de seu próprio partido
Clinton pede desculpa por caso Lewinsky

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

Depois de um de seus aliados históricos no Senado ter dito que seu comportamento "imoral e vergonhoso" merece uma punição por parte do Congresso, o presidente dos EUA, Bill Clinton, pronunciou pela primeira vez as palavras "peço desculpas" pelo seu caso amoroso com Monica Lewinsky.
Enquanto era fotografado em cerimônia realizada em Dublin, Irlanda, um jornalista perguntou a Clinton sobre como ele reagiu às críticas do senador Joseph Lieberman. O presidente respondeu, sem deixar de sorrir para as câmeras: "Eu já disse que cometi um grave erro, que isso é indefensável e que eu peço desculpas por isso".
Na verdade, até ontem, Clinton só havia dito que se arrependia por ter mantido uma relação "não apropriada" com Lewinsky quando ela era uma estagiária na Casa Branca, sede do governo dos EUA.
Lieberman, 56, é amigo de Clinton desde que os dois se conheceram na Universidade de Yale, onde se formaram advogados. Ele representa desde 1989 o Estado de Connecticut, Costa Leste do país, no Senado e tem sido um dos mais importantes e incondicionais defensores do presidente.
Seu discurso no Senado foi muito duro. Ele disse que a relação de Clinton com uma funcionária pública, durante o horário de trabalho, no escritório da Presidência dos EUA, é injustificável.
Embora tenha dito que é cedo para falar em impeachment ou renúncia, disse que o Congresso deve punir o presidente, após ler o relatório que o promotor independente Kenneth Starr prepara.
Quando encerrou seu discurso, Lieberman recebeu manifestações de apoio de dois outros senadores do Partido Democrata, do governo: Daniel Patrick Moynihan, de Nova York, Costa Leste, e Bob Kerrey, de Nebraska, oeste do país..
O discurso de Lieberman é indicativo do extremo desconforto que muitos integrantes do Partido Democrata sentem com as acusações contra Clinton. Em novembro, toda a Câmara e um terço do Senado serão eleitos. A oposição está usando o escândalo como arma na campanha eleitoral.
Na Casa Branca, trava-se um duelo entre assessores do presidente defensores da tese de um acordo com o Congresso pelo qual Clinton aceitaria uma censura pública e os que acham que ele deve resistir a qualquer punição.
Também há indícios de que o relatório de Starr pode conter acusações graves contra Clinton, como a de falso testemunho diante do júri de inquérito. Pesquisas de opinião pública mostram que, se ficar comprovado que Clinton mentiu ao júri em depoimento sobre o caso Lewinsky, isso seria suficiente para justificar o seu impeachment.



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