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DISPUTA DE FRONTEIRA
Negociação prevê parques na região em litígio
Peru e Equador negociam acordo para dois santuários ecológicos
RENATA GIRALDI
da Sucursal de Brasília
Os presidentes do Peru, Alberto
Fujimori, e do Equador, Jamil Mahuad, se reúnem neste final de semana no Panamá. Os dois participam do encontro do Grupo do Rio
(fórum político de consulta da
América Latina e Caribe criado em
86) e vão tentar avançar nas negociações em torno da disputa fronteiriça entre os dois países.
A Folha apurou que o acordo final deve aprovar a criação de dois
parques ecológicos separados por
monumentos históricos.
O acordo se diferencia da proposta anterior -feita pelos países
garantes (Brasil, EUA, Argentina e
Chile)-, que sugeria apenas um
parque, administrado por uma
comissão mista de representantes
dos dois governos.
"Meu país está disposto a aceitar a criação de dois parques ecológicos adjacentes divididos pela
linha de fronteira. A posição peruana não foi alterada", disse o
embaixador do Peru no Brasil, Alfonso Rivero, em carta à Folha.
A região em disputa fica na cordilheira do Condor. Os dois santuários ecológicos deverão ter o
mesmo tamanho, cerca de 20 km2.
A criação de dois parques atende à
exigência dos dois países de afastar o risco de militarização da área.
Assim, a segurança na região será
feita apenas por guardas florestais.
Problemas
Peru e Equador ainda não chegaram a um consenso sobre a demarcação fronteiriça nos locais
onde serão construídos os parques. A Folha apurou que os peruanos defendem a demarcação física. Os equatorianos fazem objeções aos locais dos marcos físicos a
serem colocados nas áreas.
Há também, por parte dos equatorianos, restrições à idéia de colocar marcos físicos. Para eles, a
demarcação, e não apenas delimitação, especialmente na região de
Tiwintza (junto ao rio Cenepa),
afetaria a soberania nacional.
A região de Tiwintza é a que os
equatorianos mais insistem em
discutir, pois foi palco de atos e lutas, no passado, que têm grande
significado para a história do país.
No final de maio, no dia em que
o presidente Fernando Henrique
Cardoso se encontrava com Fujimori, em Brasília, a proposta inicial (transformar a região em disputa em um parque ecológico) vazou, e isso irritou os governos do
Peru e do Equador.
Há quatro acordos em negociação: o da integração fronteiriça
(em Washington), o da segurança
e confiança mútua (em Santiago),
o de delimitação de fronteiras (em
Brasília) e o de comércio e navegação (em Buenos Aires).
Ao contrário do que gostaria
FHC -fechar o acordo até a próxima segunda-feira e transformar
o dia Sete de Setembro em uma
data histórica internacional para a
América Latina-, a negociação
final só deverá ocorrer ao término
deste mês ou início de outubro.
A assinatura no prazo estimado
por FHC poderia ser interpretada
como uma vitória da diplomacia
brasileira, o que acrescentaria
pontos à imagem do presidente
como estadista e candidato à reeleição no Brasil.
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