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Governo rejeita o diálogo e
chama Savimbi de criminoso
WILLIAM MACLEAN
da "Reuters", em Luanda
O governo de Angola afirmou
na semana passada que não tem
planos de negociar com a Unita
(União Nacional para a Independência Total de Angola, guerrilha
que domina 70% do país, inclusive as áreas produtoras de diamante), chamando o seu líder, Jonas Savimbi, de criminoso de
guerra e de genocida.
O vice-chanceler do país, Jorge
Chikoti, disse que o governo vai
trabalhar junto à comunidade internacional para aumentar as sanções das Nações Unidas contra a
Unita, ao mesmo tempo em que
reforça as Forças Armadas para
defender os angolanos de ações
guerrilheiras.
"Negociações não estão em nossa agenda", disse ele, adicionando
que o governo considera "muito
válido" o acordo de paz assinado
em 1994, em Lusaka, capital da
Zâmbia, mas, como a Unita continuou combatendo, o governo teve de se defender.
O conflito entre o governo e a
Unita foi retomado em dezembro
último, depois de o Exército ter
atacado a guerrilha por causa do
não-cumprimento do acordo de
1994.
O documento exigia o desarmamento dos guerrilheiros e a integração dos chefes militares da
Unita às Forças Armadas angolanas.
Sanções econômicas
As sanções da ONU, que proíbem a importação de diamantes
angolanos sem um certificado do
governo e também impedem a
venda de combustível e armas à
Unita, têm sido violadas por contrabandistas que comercializam
pedras preciosas extraídas pelo
grupo guerrilheiro.
Segundo Chikoti, o pedido de
Savimbi por negociações de paz
faz parte de uma tática para pressionar o governo "enquanto seus
guerrilheiros continuam a matar
civis e tentam causar distúrbios
na capital", Luanda.
Savimbi não teria tomado nenhuma atitude para indicar sua
intenção de negociar, como parar
os ataques, dizer a seus guerrilheiros que a guerra acabou e anunciar planos políticos.
"Vejo Savimbi na mesma categoria de pessoas como (o ditador
cambojano do Khmer Vermelho)
Pol Pot e o ditador nazista Adolf
Hitler", disse o vice-chanceler.
"Savimbi é considerado um criminoso pela lei angolana, e pretendemos implantá-la. No Ocidente, pessoas já foram condenadas à morte por menos do que ele
fez", afirma.
"Aqui não existe negociação",
disse Chikoti. "Ele está dizendo
que quer negociar, mas continua
lutando. O que ele tem de dizer é
"estou parando os ataques", e veremos a partir daí", afirmou.
Chikoti negou uma declaração
da Unita de que estaria a apenas
50 km de Luanda.
Segundo ele, a afirmação faz
parte de uma estratégia para tentar afugentar investidores estrangeiros e piorar a situação econômica do país.
"Eles querem dizer aos estrangeiros que, se vierem para cá, serão apanhados ou mortos. Desta
forma, tentam atingir a economia
e pensam que assim têm chance
de fazer progressos."
Segundo Chikoti, o governo
tem meios de manter o controle
sobre Luanda.
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