São Paulo, Domingo, 05 de Setembro de 1999
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Brasil pode assumir papel mais ativo

da Sucursal de Brasília

O governo brasileiro afirma estar pronto para ter um papel mais ativo na busca de uma solução diplomática para o drama vivido por Angola.
Isso talvez seja necessário, já que outro país com natural vocação para conciliar os lados em confronto em Angola, a África do Sul, parece relutante em o fazer.
Diplomatas brasileiros têm se empenhado na tarefa de persuadir o governo de Angola a permitir que a ONU possa reinstalar seu escritório regional em Luanda. Seria o primeiro passo para que a organização voltasse a atuar em busca da paz naquele país.
No mês passado, a ministra do Planejamento de Angola, Ana Dias, e o presidente do conselho de ministros angolano estiveram em Brasília. Vieram pedir ajuda alimentar. Ganharam a promessa de 20 mil toneladas de milho, o que não é muito para as necessidades angolanas.
Mas ouviram, também, de todas as autoridades brasileiras com quem se reuniram, inclusive o presidente Fernando Henrique Cardoso, argumentos sobre a necessidade de fazer diplomacia, ainda que seja com o objetivo de ganhar a guerra.
Em parte, o recente destaque dado aos problemas de Angola na mídia internacional tem a ver com a estratégia do governo brasileiro para aquele país. O Brasil aproveitou o fato de a presidência do Conselho de Segurança da ONU em agosto ter cabido à Namíbia, tradicional aliado de Angola, para convencê-la a tornar o fórum uma caixa de ressonância mundial para a crise angolana.
Além disso, o atual responsável pelos programas humanitários da ONU é um brasileiro, Sérgio Vieira de Mello, que vem sublinhando a necessidade de ajudar Angola.
O Brasil tem muitos interesses materiais naquele país, onde pelo menos duas empresas -Odebrecht e Petrobras- investiram muito nos últimos 20 anos.
Na semana passada, o presidente da Petrobras e o ministro das Minas e Energia estiveram em Luanda para renovar contatos e compromissos; eles também disseram às autoridades que é importante buscar saídas diplomáticas para o impasse.
(CELS)


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