São Paulo, Domingo, 05 de Setembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO
Premiê israelense, Ehud Barak, e Iasser Arafat, líder palestino, assinam a retomada do processo de paz
Paz avança com acordo Israel-palestinos

das agências internacionais

Israelenses e palestinos assinaram no Egito, na madrugada de hoje, um novo acordo que retoma o processo de paz entre as duas partes, dois meses após a posse do premiê israelense, Ehud Barak.
O acordo, firmado à 0h10 no horário local (18h10 de ontem em Brasília), aumentou as chances de uma paz mais ampla na região, com o presidente dos EUA, Bill Clinton, o chamando de "um verdadeiro novo começo".
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, disse que o acordo retoma o processo que ele iniciou com o premiê israelense Ytzhak Rabin, assassinado em 1995 por um extremista judeu.
O sucessor de Rabin, Binyamin Netanyahu, paralisou o processo, dizendo que os palestinos não cumpriam sua parte no acordo.
Arafat passou brevemente por Roma ontem, onde encontrou o premiê Massimo D'Alema. Depois, partiu para o balneário egípcio de Sharm al Sheikh, no mar Vermelho, onde assinou o novo acordo com Barak, na presença do presidente egípcio, Hosni Mubarak, do rei Abdullah, da Jordânia, e da secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright.
"O acordo nos permitirá voltar ao caminho aberto com Rabin, que pagou com a vida pelo seu trabalho pela paz", disse Arafat.
Em Damasco, capital da Síria, o governo sírio lamentou a falta de progresso na paz com Israel.
Após se encontrar com Albright, o chanceler sírio, Farouq al Shara, disse que a enviada norte-americana, que ajudou a costurar o acordo entre Israel e os palestinos, não trouxe as garantias que a Síria exige para retomar o diálogo com Israel.
Damasco quer que Barak se comprometa a retomar as negociações do ponto em que foram interrompidas, em 1996.
A Síria diz que Rabin ofereceu uma retirada total das colinas do Golã, tomadas por Israel em 1967, em troca de relações normais entre os dois países. Israel diz que os negociadores de Rabin falaram apenas de forma hipotética durante as negociações.
Albright viajou ainda a Beirute, onde conversou com o premiê do Líbano, Salim al Hoss, sobre o sul, ocupado parcialmente por Israel, e sobre os refugiados palestinos no país (cerca de 400 mil).
Israel disse anteontem que começará a implementar em dez dias o novo acordo, na verdade uma renegociação dos acordos assinados em outubro de 1998 nos EUA por Netanyahu e Arafat. A primeira medida será a libertação de 200 presos palestinos.
Um segundo grupo de 150 presos seria libertado em outubro. Duas novas retiradas de tropas israelenses da Cisjordânia ocorreriam em 15 de novembro e 20 de janeiro próximos.
O acordo prevê ainda medidas de segurança a serem adotadas pelos palestinos para impedir atos de violência contra israelenses.
O negociador palestino Saeb Erekat disse ontem que, pelo novo acordo, os palestinos se comprometem a não declarar um Estado unilateralmente até pelo menos setembro do ano que vem.
Erekat disse que uma "carta de garantias" anexada ao acordo reitera que os EUA defendem que os palestinos "determinem seu futuro em sua própria terra".


Texto Anterior: Entenda o processo eleitoral
Próximo Texto: Tremor aproxima Grécia e Turquia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.