São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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ÁSIA

Regime matou 1,7 milhão em 4 anos

Camboja julgará líderes do Khmer Vermelho

DO "NEW YORK TIMES"

A Assembléia Nacional do Camboja ratificou ontem por unanimidade um acordo com as Nações Unidas para a criação de um tribunal internacional com o fim de julgar os sobreviventes do regime do Khmer Vermelho por crimes que mataram 1,7 milhão de pessoas na década de 70.
Não foi fixado um cronograma para os julgamentos. O país precisa ainda levantar uma verba estimada em US$ 57 milhões, a ser levantada entre doadores internacionais, para o pleno funcionamento do tribunal.
Nenhum líder do Khmer Vermelho foi julgado até hoje por suas ações entre 1975 e 1979, quando cerca de um quarto da população cambojana morreu de fome, por excesso de trabalho forçado ou assassinada.
O líder maior do Khmer, Pol Pot, morreu em 1998. Podem ser julgados sete ex-líderes do regime, com idades entre 60 e 70 anos. Apenas dois deles estão atualmente sob custódia.
A lei ainda precisa passar pelo Senado e pelo Executivo, o que é considerado uma formalidade.
"O que estávamos esperando foi alcançado hoje", disse o premiê cambojano, Hun Sen.
O líder da oposição, Sam Rainsy, disse que a ratificação era um "assunto urgente", lembrando que sete anos haviam passado desde que o Camboja pediu formalmente a ajuda da ONU.
"Encontrar justiça para as vítimas é importante não só no sentido de resolver problemas do passado", disse Rainsy, segundo o qual é "nossa obrigação estabelecer o Estado de Direito e pôr fim ao mau hábito da impunidade".
Segundo Youk Chang, diretor do Centro de Documentação do Camboja, que vem coletando evidências, o começo dos julgamentos levará pelo menos oito meses.
Khieu Samphan, 72, ex-chefe de Estado do regime do Khmer, disse que espera um julgamento para limpar o próprio nome. "Dou meu total apoio à lei porque preciso de uma clarificação a meu favor", afirmou.


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