São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2004

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Boliviano exige prova "em 48 horas"

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

Demonstrando irritação com as insinuações de que teria recebido dinheiro do governo da Venezuela, o principal líder da oposição boliviana, o deputado socialista Evo Morales, 45, disse ontem, em entrevista à Folha por telefone, que dá aos EUA "um prazo de 48 horas para apresentar provas".
Surgido no movimento cocaleiro boliviano, com forte predominância indígena, Morales ganhou projeção internacional em 2002 ao ficar em segundo lugar na eleição presidencial. Muitos analistas na época atribuíram o surpreendente desempenho ao seu posicionamento anti-EUA.
Em outubro do ano passado, o líder oposicionista teve participação ativa na onda de protestos que levou Gonzalo Sánchez de Lozada, um tradicional aliado de Washington, à renúncia.
 

Folha - O seu partido recebeu dinheiro venezuelano por meio de um adido militar para a campanha contra Sánchez de Lozada?
Morales -
O governo dos EUA não está só envolvido em atos de genocídio, mas também na mentira e na calúnia. Se eles acreditam que eu tenha recebido apoio econômico, já que têm tanta inteligência e controlam o sistema financeiro, que apresentem provas.
Não preciso de apoio econômico nem militar. É um absurdo que o governo dos EUA nos acuse dessa maneira. Só quero dar um prazo de 48 horas ao representante dos EUA que nos acusa dessa forma para apresentar as provas. Jamais o governo venezuelano ou o cubano me deu um centavo.

Folha - O sr. esteve nos dois países no ano passado?
Morales -
Não, apenas em Cuba. Também estive em Genebra [Suíça], no México, no Peru e em muitos outros países.

Folha - Por que então essas informações estão sendo divulgadas por funcionários dos EUA?
Morales -
Porque há um grande movimento latino-americano para enfrentar o sistema do imperialismo americano. Por todos os lados, estão tentando nos desprestigiar, sobretudo a mim. Já me chamaram de terrorista e narcotraficante. Os EUA já não podem controlar os movimentos sociais na Bolívia e latino-americanos.


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