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Boliviano exige prova "em 48 horas"
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Demonstrando irritação com as
insinuações de que teria recebido
dinheiro do governo da Venezuela, o principal líder da oposição
boliviana, o deputado socialista
Evo Morales, 45, disse ontem, em
entrevista à Folha por telefone,
que dá aos EUA "um prazo de 48
horas para apresentar provas".
Surgido no movimento cocaleiro boliviano, com forte predominância indígena, Morales ganhou
projeção internacional em 2002
ao ficar em segundo lugar na eleição presidencial. Muitos analistas
na época atribuíram o surpreendente desempenho ao seu posicionamento anti-EUA.
Em outubro do ano passado, o
líder oposicionista teve participação ativa na onda de protestos
que levou Gonzalo Sánchez de
Lozada, um tradicional aliado de
Washington, à renúncia.
Folha - O seu partido recebeu dinheiro venezuelano por meio de
um adido militar para a campanha
contra Sánchez de Lozada?
Morales - O governo dos EUA
não está só envolvido em atos de
genocídio, mas também na mentira e na calúnia. Se eles acreditam
que eu tenha recebido apoio econômico, já que têm tanta inteligência e controlam o sistema financeiro, que apresentem provas.
Não preciso de apoio econômico nem militar. É um absurdo que
o governo dos EUA nos acuse
dessa maneira. Só quero dar um
prazo de 48 horas ao representante dos EUA que nos acusa dessa
forma para apresentar as provas.
Jamais o governo venezuelano ou
o cubano me deu um centavo.
Folha - O sr. esteve nos dois países no ano passado?
Morales - Não, apenas em Cuba.
Também estive em Genebra [Suíça], no México, no Peru e em muitos outros países.
Folha - Por que então essas informações estão sendo divulgadas
por funcionários dos EUA?
Morales -Porque há um grande
movimento latino-americano para enfrentar o sistema do imperialismo americano. Por todos os lados, estão tentando nos desprestigiar, sobretudo a mim. Já me chamaram de terrorista e narcotraficante. Os EUA já não podem controlar os movimentos sociais na
Bolívia e latino-americanos.
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