São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Prisioneiro morreu após suposto espancamento por britânicos

Maus-tratos a iraquianos são punidos

Maurício Lima/France Presse
Refugiada iraquiana que diz ter 120 anos chega a Basra, no sul


DA REDAÇÃO

A polícia militar do Reino Unido investiga a morte de um iraquiano supostamente espancado por soldados britânicos em Basra (sul do Iraque), anunciou o Ministério da Defesa britânico. Por sua vez, o Exército dos EUA anunciou ontem o afastamento de três soldados que agrediram prisioneiros em um centro de detenção iraquiano em maio.
O jornal britânico "The Independent" disse no domingo que Baha Mousa, filho de um coronel e recepcionista em um hotel, fazia parte de um grupo de oito iraquianos detidos e agredidos por soldados britânicos, segundo registros médicos e militares.
Horas após a prisão, em setembro, Mousa morreu -a causa, segundo a certidão de óbito fornecida pelo Exército, foi asfixia. Mas um dos iraquianos detidos com ele afirmou que Mousa foi encapuzado e chutado continuamente, implorando para ter a cabeça descoberta porque não conseguia respirar. Seu corpo, devolvido à família, estava repleto de hematomas e seu nariz estava quebrado.
A família recusou uma indenização de US$ 8.000 e pretende levar o Ministério da Defesa britânico à Justiça. A Anistia Internacional também pediu uma investigação independente sobre a tortura de prisioneiros em Basra.
Nos EUA, o afastamento dos soldados remonta à denúncia de maus-tratos de prisioneiros no Campo Bucca, também no sul do Iraque, pelo general Ennis Whitehead 3º, comandante em exercício do 143º Comando de Transporte, em maio. Segundo o comandante, a sargento Lisa Marie Girman derrubou um prisioneiro a murros e passou a chutá-lo, incentivando seus subordinados a fazer o mesmo.
O sargento Scott McKenzie arrastou um prisioneiro pelos ombros, abriu suas pernas e ordenou que seus subordinados lhe chutassem a virilha -procedimento semelhante ao que fez o terceiro afastado, o cabo Timothy F. Canjar, que ainda torceu o braço ferido de um detido.
Todos foram rebaixados imediatamente após os abusos. Os três deveriam ser submetidos à corte marcial neste mês, mas optaram por uma audiência não-judicial, sem júri, com um comandante -procedimento normal nesses casos.
Também ontem, três jornalistas e técnicos iraquianos a serviço da agência Reuters de notícias e um free-lancer da rede de TV americana NBC, detidos na semana passada por soldados americanos em Bagdá, foram libertados.
Os três haviam sido presos após incidentes envolvendo as tropas americanas.
Em entrevista à rádio BBC, o chanceler britânico, Jack Straw, afirmou que parte dos militares de seu país -hoje há cerca de 10 mil no Iraque- deve continuar ali "vários anos" após a transferência de poder para os iraquianos, marcada para 1º de julho.
"Não posso dar o prazo nem a proporção exata. Mas com certeza não serão meses. Não sei dizer se será até 2006 ou 2007", disse.
O ministro da Justiça do Kuait, Ahmed Yacub Baqer, anunciou que o país preparou 178 acusações de crimes de guerra contra Saddam Hussein. Segundo Baqer, as acusações se referem a crimes cometidos durante a ocupação do país pelo Iraque, entre agosto de 1990 e fevereiro de 1991. As acusações serão encaminhadas às autoridades iraquianas para fazer parte do julgamento do ex-ditador.

Com agências internacionais

Texto Anterior: Doença: China e OMS confirmam novo caso de Sars
Próximo Texto: Tragédia: Queda de avião dizimou 12 famílias
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.