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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

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VENEZUELA

"Nem um dólar mais aos golpistas", diz o presidente sobre a medida, que limitará o acesso de empresas à moeda americana

Chávez anuncia controle do câmbio e processa TV

DA REDAÇÃO

Após sobreviver a uma greve geral de 63 dias comandada pela oposição, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltou ontem à ofensiva para anunciar um processo contra uma TV acusada de apoiar a oposição e o início de um sistema de controle cambial.
O controle cambial, anunciado após duas semanas de suspensão do mercado de divisas, tem como objetivo proteger as reservas do país e evitar uma queda ainda mais acentuada do bolívar, a moeda local, que havia perdido 25% de seu valor em relação ao dólar desde o início do ano.
A principal razão da desvalorização do bolívar foi a greve geral convocada pela oposição para forçar Chávez a renunciar ou convocar eleições antecipadas. O foco da paralisação foi a indústria petroleira, responsável por 80% das exportações do país.
O novo sistema cambial deve restringir o acesso das empresas venezuelanas ao dólar. "Nem um dólar mais para os golpistas. Os dólares e os bolívares são do povo", afirmou Chávez ontem ao anunciar controle.
Chávez não deu detalhes sobre o novo sistema, mas o ministro das Finanças, Tobias Nóbrega, havia dito na semana passada que o governo estudava a adoção de um câmbio fixo reajustado mensalmente. O governo diz que o acesso prioritário aos dólares será para a importação de produtos de primeira necessidade. Os exportadores, por sua vez, deverão ser obrigados a vender seus dólares ao governo pela taxa oficial.
O presidente da Fedecámaras (principal associação empresarial do país), Carlos Fernández, afirmou que o controle cambial será utilizado para "pressionar o setor privado". Ele foi um dos principais defensores da greve levantada parcialmente na segunda-feira.
Chávez respondeu às acusações dizendo que o controle "não é bom nem mal por si só, depende de como seja utilizado e de seus resultados". Segundo ele, a medida foi adotada para "proteger as reservas do país, que vinham caindo por ação dos golpistas".
Segundo Nóbrega, as reservas do país caíram de US$ 12,5 bilhões para US$ 11,9 bilhões entre o dia 2 de dezembro, quando começou a greve geral, e o dia 21 de janeiro, quando foi anunciada a suspensão do mercado cambial.

TV processada
As declarações de Chávez foram feitas poucas horas após o governo anunciar a abertura de um processo administrativo contra a TV Venevisión, de propriedade do empresário Gustavo Cisneros, acusado pelo presidente de conspirar para derrubá-lo.
Cisneros é também diretor da Panamco, distribuidora da Coca-Cola que teve o conteúdo de seu armazém apreendido por soldados da Guarda Nacional há três semanas. O governo acusava a empresa de estocar seus produtos e não distribuí-los.
A Venevisión é o quarto canal opositor de Caracas a ser processado. O ministro da Infra-estrutura, Diosdado Cabello, disse que os canais processados estão sujeitos a fechamentos temporários.


Com agências internacionais


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