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VENEZUELA
"Nem um dólar mais aos golpistas", diz o presidente sobre a medida, que limitará o acesso de empresas à moeda americana
Chávez anuncia controle do câmbio e processa TV
DA REDAÇÃO
Após sobreviver a uma greve
geral de 63 dias comandada pela
oposição, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltou ontem à ofensiva para anunciar um
processo contra uma TV acusada
de apoiar a oposição e o início de
um sistema de controle cambial.
O controle cambial, anunciado
após duas semanas de suspensão
do mercado de divisas, tem como
objetivo proteger as reservas do
país e evitar uma queda ainda
mais acentuada do bolívar, a
moeda local, que havia perdido
25% de seu valor em relação ao
dólar desde o início do ano.
A principal razão da desvalorização do bolívar foi a greve geral
convocada pela oposição para
forçar Chávez a renunciar ou convocar eleições antecipadas. O foco
da paralisação foi a indústria petroleira, responsável por 80% das
exportações do país.
O novo sistema cambial deve
restringir o acesso das empresas
venezuelanas ao dólar. "Nem um
dólar mais para os golpistas. Os
dólares e os bolívares são do povo", afirmou Chávez ontem ao
anunciar controle.
Chávez não deu detalhes sobre
o novo sistema, mas o ministro
das Finanças, Tobias Nóbrega,
havia dito na semana passada que
o governo estudava a adoção de
um câmbio fixo reajustado mensalmente. O governo diz que o
acesso prioritário aos dólares será
para a importação de produtos de
primeira necessidade. Os exportadores, por sua vez, deverão ser
obrigados a vender seus dólares
ao governo pela taxa oficial.
O presidente da Fedecámaras
(principal associação empresarial
do país), Carlos Fernández, afirmou que o controle cambial será
utilizado para "pressionar o setor
privado". Ele foi um dos principais defensores da greve levantada parcialmente na segunda-feira.
Chávez respondeu às acusações
dizendo que o controle "não é
bom nem mal por si só, depende
de como seja utilizado e de seus
resultados". Segundo ele, a medida foi adotada para "proteger as
reservas do país, que vinham
caindo por ação dos golpistas".
Segundo Nóbrega, as reservas
do país caíram de US$ 12,5 bilhões
para US$ 11,9 bilhões entre o dia 2
de dezembro, quando começou a
greve geral, e o dia 21 de janeiro,
quando foi anunciada a suspensão do mercado cambial.
TV processada
As declarações de Chávez foram
feitas poucas horas após o governo anunciar a abertura de um
processo administrativo contra a
TV Venevisión, de propriedade
do empresário Gustavo Cisneros,
acusado pelo presidente de conspirar para derrubá-lo.
Cisneros é também diretor da
Panamco, distribuidora da Coca-Cola que teve o conteúdo de seu
armazém apreendido por soldados da Guarda Nacional há três
semanas. O governo acusava a
empresa de estocar seus produtos
e não distribuí-los.
A Venevisión é o quarto canal
opositor de Caracas a ser processado. O ministro da Infra-estrutura, Diosdado Cabello, disse que os
canais processados estão sujeitos
a fechamentos temporários.
Com agências internacionais
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