São Paulo, domingo, 06 de fevereiro de 2005

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Negociador diz que críticas são "conspiração"

DA REDAÇÃO

O alto comissário para a Paz da Colômbia, Luis Carlos Restrepo, que negocia com os paramilitares em nome do governo, disse anteontem que as críticas contra o processo de desmobilização são um "complô" da mídia, de ONGs e dos parlamentares colombianos.
"O que há é uma conspiração política. Querem colocar o governo no banco dos réus e ganhar com isso", afirmou.
Na noite anterior, um grupo de senadores da coalizão do presidente Álvaro Uribe, com apoio da oposição, apresentou um projeto de lei, sem acordo prévio com o governo, que estipula penas mais severas para os paramilitares acusados de crimes graves.
Para Restrepo, a apresentação do projeto foi uma "jogada política magistral", pois ocorreu no dia da reunião de países com o governo, em Cartagena. "Os parlamentares vinham negociando com o governo e buscaram exatamente o dia da reunião, quando toda a comunidade internacional está na Colômbia, para romper a negociação e unilateralmente apresentar o projeto."
De autoria do senador Rafael Pardo, o projeto prevê pena de prisão não inferior a cinco anos para autores de crimes de lesa-humanidade, confissão "completa, pública e fidedigna" dos crimes cometidos, e a entrega dos bens que os grupos tenham adquirido "à força".
"O mais importante é a confissão e entrega dos bens. Esses grupos operam mais como crime organizado do que como grupos armados. Pode haver entrega de armas, mas se não se desmonta a estrutura, ficam como organizações mafiosas que se metem no poder local", disse Pardo.
O projeto oficialista permite penas inferiores a cinco anos e que a confissão seja menos rigorosa.
"[Pardo] nos põe numa situação muito difícil porque agora quem fizer uma objeção a sua proposta ficará como uma pessoa que favorece a impunidade", disse Restrepo. (CVN)


Com agências internacionais

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