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São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Para ele, o ditador iraquiano busca manipular o Conselho de Segurança, mas diz que "ninguém será enganado"

Divisão na ONU ajuda Saddam, diz Powell

Joshua Hutcheson/Associated Presse
Soldados americanos treinam como se proteger, em um bunker, de um ataque iraquiano com mísseis Scud, no deserto do Kuait


DA REDAÇÃO

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, acusou o ditador iraquiano, Saddam Hussein, de estar tentando manipular o Conselho de Segurança da ONU e separá-lo em facções divergentes.
Mas, segundo Powell, os esforços de Saddam irão fracassar. "Nenhum país será enganado pelas suas táticas", disse o secretário em discurso no Cetro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington. As divisões, para ele, beneficiam Saddam.
Powell, que irá às Nações Unidas hoje, disse que Saddam desperdiçou a sua "última chance" de evitar "sérias consequências" ao não se desarmar.
A declaração de Powell foi feita horas após os ministros das Relações Exteriores da França, da Alemanha e da Rússia afirmarem que irão bloquear a resolução apoiada pelos EUA que considera o Iraque em violação de suas obrigações e autoriza o uso da força para desarmar Saddam.
No entanto o secretário de Estado parecia não recuar diante dos recentes acontecimentos, assim como o presidente George W. Bush, e continuou sua busca por apoio à nova resolução. Powell disse que "ninguém sabe quais serão os votos até a votação".
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que "não dá para tirar conclusões sobre a votação final". Segundo ele, a posição de Bush deve prevalecer.
Powell afirmou que há divisões no CS. "Se essas divisões continuarem, Saddam se convencerá de que está certo. Mas posso assegurar que ele está errado."
Os EUA enfrentam oposição em seus esforços para conseguir os nove votos necessários para aprovar a resolução que será apresentada em conjunto pela Espanha e pelo Reino Unido. Entre os principais opositores estão a França e a Rússia. Os dois países têm direito a veto no CS.
De acordo com o secretário americano, não há nenhuma prova de que Saddam tenha se desarmado. "O Iraque tem feito gestos pequenos e tardios que buscam atrasar as ações da comunidade internacional e dividi-la. Mas isso irá fracassar". Para Powell, "Saddam tomou uma decisão estratégica, uma decisão política de não se desfazer de suas armas de destruição em massa."

Esperança
Mas o secretário de Estado disse ainda manter a esperança de que a crise iraquiana possa ser resolvida de uma forma pacífica. "Se o Iraque cooperar e decidir se desarmar mesmo agora, tardiamente, será possível evitar a guerra."
As declarações de Powell foram feitas logo após o secretário da Defesa Donald Rumsfeld e o comandante das forças dos EUA no golfo Pérsico, Tommy Franks, dizerem que o tempo para Saddam está acabando.
"Saddam pode impedir o uso da força. Mas, para isso, ele terá de se desarmar ou se exilar", afirmou Rumsfeld. "Nossas forças estão treinadas, prontas e são capazes", acrescentou Franks.
O comandante americano apresentou ontem a Bush os planos para uma possível guerra. Autoridades dos EUA disseram em condição de anonimato que serão lançadas dez vezes mais bombas no início da ofensiva do que foram lançadas nos primeiros dias da Guerra do Golfo, em 1991.
Powell irá à ONU hoje para prosseguir com os esforços diplomáticos dos americanos para conquistar mais apoio para a resolução. Na sexta, ele irá assistir à apresentação do relatório do chefe dos inspetores de armas da ONU, o sueco Hans Blix.

Com agências internacionais


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