|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUA pressionam Israel a negociar a paz com Arafat
TODD S. PURDUM
JUDITH MILLER
DO "THE NEW YORK TIMES"
Os EUA estão fazendo esforços
de última hora para persuadir o
governo de Israel a negociar com
o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser
Arafat, apesar dos israelenses
conduzirem uma campanha para
desacreditar o líder palestino.
Os EUA devem ainda pressionar Israel a congelar os assentamentos judaicos nas áreas palestinas. O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, disse
ontem que "alguma coisa deve ser
feita em relação ao problema dos
assentamentos, que continuam a
crescer e se expandir".
As iniciativas acontecem às vésperas do encontro entre o presidente dos EUA, George W. Bush,
e o premiê de Israel, Ariel Sharon,
que ocorre amanhã.
O desafio imediato para Bush,
segundo um assessor de política
externa, é "convencer os israelenses de que é interesse deles, no
longo prazo, um acordo com Arafat, não importando o quanto repreensível ele possa ser".
Porém, nos últimos dias, autoridades israelenses estão realizando
campanha para descartar Arafat e
a ANP como possíveis parceiros
em negociações, baseando-se em
documentos que Israel confiscou
na ofensiva na Cisjordânia e nos
interrogatórios de cerca de 1.800
palestinos presos.
Porém os EUA não compartem
desta posição. "É melhor para todos continuarmos trabalhando
com os líderes palestinos e reconhecer quem os palestinos enxergam como seu líder", no caso
Arafat, disse Powell. A assessora
de segurança nacional, Condoleezza Rice, acrescentou que "a
posição da Casa Branca é a de que
não escolheremos a liderança dos
palestinos. Arafat está lá".
Autoridades dos serviços de inteligência de Israel concederam
informações para os EUA, nas
quais eles dizem haver provas de
que a ANP preside uma rede terrorista que planeja, financia e executa atentados suicidas contra civis e coopera com grupos extremistas islâmicos. Israel já começou a mostrar parte das provas
coletadas, como armas de fabricação caseira, disfarces, identidades
israelenses roubadas, pôsteres em
homenagem a suicidas e cerca de
500 mil documentos.
Sharon levou a Washington um
dossiê de cem páginas detalhando
"ligações financeiras e envolvimento pessoal de Arafat com organizações terroristas palestinas".
Entre os documentos, está o registro de uma aprovação de Arafat
para o pagamento de US$ 600 para o líder de um ataque que deixou seis mortos.
Há ainda um documento com o
timbre de um denominado Comitê Saudita para a Assistência para
a Intifada que, dizem os israelenses, detalha o pagamento de mais
de US$ 500 mil para famílias de
102 "mártires", oito deles envolvidos em ataques terroristas.
Os palestinos negam a autenticidade dos documentos.
A Casa Branca diz que, ainda
que os documentos sejam convincentes, não será alterada a decisão de negociar com Arafat,
com base no plano de paz que
Bush tentará implementar com
ajuda de países árabes amigos.
Sharon, que chegou a Washington ontem à noite, deve dizer a
Bush que suas iniciativas de paz
estão destinadas ao fracasso enquanto houver dependência do líder palestino. O encontro entre
eles deve ocorrer em clima de
confronto, diferentemente do que
vinha acontecendo.
Tudo começou a mudar no último mês, quando Bush se sentiu
contrariado com a resistência de
Sharon a se retirar da Cisjordânia,
"sem demora", como pedia o presidente dos EUA. Agora, segundo
uma autoridade do governo,
"Sharon sabe que o apoio de Bush
não é automático". Em Israel, autoridades afirmam que Sharon
buscará, no encontro, pressionar
pela substituição de Arafat por
uma nova liderança palestina. Pedirá ainda o desenvolvimento de
idéias concretas para a conferência sobre o Oriente Médio, que o
secretário de Estado propôs para
este verão (no hemisfério norte).
Por último, Sharon deve buscar
uma coordenação entre as políticas israelense e norte-americana.
Israel não quer chegar à conferência e ser surpreendido por
uma iniciativa da qual não faça
parte. De início, os israelenses
querem que a Síria não participe
do encontro, por, segundo Israel,
apoiar grupos terroristas. Já os
árabes exigem a retirada total das
forças israelenses dos territórios
sob controle da ANP.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Oriente médio: Acordo pode encerrar cerco a igreja de Belém Próximo Texto: Justiça: EUA anunciam saída de tribunal internacional Índice
|