São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2004 |
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IRAQUE OCUPADO Presidente está insatisfeito por não ter sido informado sobre abusos; secretário de Defesa vai depor no Congresso Bush dá bronca em Rumsfeld, diz CNN
FERNANDO CANZIAN DE WASHINGTON O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem a seu secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, que ficou "insatisfeito" com o modo como foi informado sobre os abusos e maus tratos contra iraquianos praticados por militares norte-americanos. "Ele (Bush) não está satisfeito e fez questão de que Rumsfeld soubesse disso", afirmou um alto funcionário do governo dos EUA à rede de TV CNN. A informação foi confirmada por um segundo assessor, segundo a emissora. A reclamação do presidente contra Rumsfeld aumentou a temperatura de uma das maiores crises do governo Bush, que se define como "um presidente da guerra" e que concorre à reeleição em novembro. Embora Bush tenha defendido Rumsfeld publicamente ontem, a insatisfação do presidente concentra-se no fato de seu secretário não ter informado a Casa Branca sobre a existência de tortura em prisões no Iraque e de não ter tomado providências antes de o ruidoso caso vir a público. Ontem, Rumsfeld acabou convocado por uma comissão mista do Congresso dos EUA para explicar as mortes e abusos de prisioneiros no Iraque. Furiosos com a falta de informações da Casa Branca e do Pentágono, os congressistas planejam também formar uma força-tarefa para visitar as prisões e campos militares no Iraque. O depoimento de Rumsfeld foi confirmado para amanhã e coloca sobre pressão o principal secretário de Bush. Antes da ação militar contra o Iraque, Rumsfeld ganhou a batalha política contra o Departamento de Estado, dirigido pelo secretário Colin Powell, ao defender a invasão do país mesmo sem o consentimento do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O caso dos abusos no Iraque também deixou Powell irritado, pois caberá agora ao secretário de Estado reconquistar a confiança dos iraquianos. Powell também será o responsável pela montagem de uma gigantesca embaixada norte-americana em Bagdá, já anunciada pelos EUA. Alguns senadores, como o democrata Joe Biden, afirmaram esperar "renúncias" no Pentágono, inclusive do próprio Rumsfeld, caso não haja explicações "satisfatórias". O que mais espanta os senadores, segundo os membros da comissão, é o fato de Bush e sua cúpula militar terem admitido publicamente não ter lido o relatório sobre abusos no Iraque antes do caso ter sido tornado público. O relatório está pronto desde fevereiro passado. Texto Anterior: EUA fazem simpósio para juízes iraquianos Próximo Texto: Iraque ocupado: EUA perdem 4 em confrontos perto de Najaf Índice |
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