São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Ao menos 15 insurgentes morreram nos embates; líderes xiitas pedem desarmamento de clérigo radical

EUA perdem 4 em confrontos perto de Najaf

DA REDAÇÃO

Forças americanas e insurgentes xiitas voltaram a se confrontar ontem na região da cidade iraquiana de Najaf, deixando um saldo de 15 rebeldes e quatro soldados americanos mortos. Os conflitos dão continuidade a um cerco que, segundo cálculos da câmara de comércio local, já deu à cidade um prejuízo de aproximadamente US$ 1 bilhão.
Os embates mais uma vez envolveram as forças do clérigo radical Moqtada al Sadr, a quem os EUA juraram capturar vivo ou morto e que liderou um levante que matou cerca de 20 soldados no início de abril.
Líderes xiitas proeminentes têm tentado demover Al Sadr de suas exigências, sem sucesso.
Ontem foi a vez de Mohammed Bahr al Ulloum, integrante do Conselho de Governo Iraquiano, enviar a Al Sadr uma mensagem pedindo que ele desarmasse sua milícia. A carta, assinada também por outros 500 líderes xiitas, representa o maior esforço público por parte do grupo, até agora, para que o clérigo faça concessões e dê fim ao impasse, que já dura quase um mês.
O principal confronto de ontem ocorreu durante a noite em Karbala, vizinha a Najaf, onde as forças de ocupação atacaram um hotel, um antigo escritório do extinto partido Baath e o gabinete do governador regional, onde a milícia de Al Sadr estava guardando armas, segundo o comando dos EUA. Dez insurgentes e um soldado dos EUA morreram.
Numa ação semelhante, em Diwaniya, três soldados americanos morreram em ataques contra dois prédios ocupados por insurgentes. Na vizinha Kufa, mais cinco insurgentes foram mortos quando as forças americanas atacaram uma van que havia sido vista sendo carregada com armas.
Também houve embates em um cemitério junto ao lago Najaf, onde mais de 50 insurgentes emboscaram três veículos militares americanos. Os soldados reagiram a tiros, mas ninguém se feriu.
Na entrevista que concedeu ontem a duas TVs de audiência árabe (leia texto na pág. 11), o presidente George W. Bush disse que os próprios iraquianos "lidarão com Al Sadr", com quem já estão perdendo a paciência por "ocupar" lugares sagrados.
"Temos muito respeito pelos lugares sagrados no Iraque, entendemos sua importância para os cidadãos iraquianos. O sr. Sadr está ocupando esses lugares como se fossem seus, e acho que os iraquianos estão se cansando disso."
A importância de Najaf para os xiitas levou os EUA a evitar invadir a cidade, temendo um levante de grandes proporções no país majoritariamente xiita.
Mas o cerco mantido desde o início de abril já causou grandes prejuízos à cidade, cuja economia se baseia no comércio movimentado pelos peregrinos.
Segundo o vice-presidente da Câmara de Comércio de Najaf, o prejuízo já se aproxima de US$ 1 bilhão. A cidade recebia, diariamente, cerca de 35 mil peregrinos somente do Irã, além de visitantes de outros países. Com o cerco esse número caiu drasticamente.


Com agências internacionais

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