São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2001

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ORIENTE MÉDIO

Violência diminui, Israel atenua bloqueio, e EUA enviam chefe da CIA

Hamas nega declaração de trégua

DA REDAÇÃO

Lideranças do Hamas, grupo islâmico responsável por vários atentados contra israelenses, negaram ontem um cessar-fogo anunciado no dia anterior. As esperanças sobre a trégua entre Israel e palestinos tomaram fôlego, contudo, com a redução da violência e o envio do diretor da CIA (serviço de inteligência dos EUA) para o Oriente Médio.
"Não propusemos nenhum cessar-fogo", declarou Mahmoud al Zahhar, membro da cúpula do Hamas. Ele afirmou que o grupo continuará a atingir israelenses "em todo lugar". Na sexta-feira, um terrorista suicida do Hamas matou 20 pessoas em Tel Aviv.
"Se eu aceitar um cessar-fogo, significa que estou levantando a bandeira branca", disse o líder espiritual do Hamas, o xeque Ahmad Yassin. "Eles [Israel" têm de retirar seus colonos. Nossa terra precisa ser devolvida, nosso povo deve conquistar a libertação."
Anteontem, num comunicado conjunto agora contestado, o Hamas e o braço armado do Fatah (movimento político ao qual pertence o líder palestino Iasser Arafat) declararam que suspenderiam as ações contra Israel, mas que continuariam a atacar as colônias em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Ontem o Hamas disse que a nota era "falsa".
Analistas palestinos disseram crer que possa se tratar de uma jogada política da organização.
"O Hamas apresentou um desmentido devido ao incômodo que o comunicado [de trégua" causou entre seus simpatizantes", disse Abdallah Hurani.
Para Mohammad Hamza, o grupo não deverá cumprir suas novas ameaças de ataques, pois está preocupado com "os interesses nacionais palestinos". O atentado em Tel Aviv fez com que EUA e Europa aumentassem a pressão para que Arafat decretasse um cessar-fogo.
Houve poucos confrontos ontem na região, onde ao menos 450 palestinos, 110 israelenses e 13 árabes israelenses foram mortos nos últimos oito meses.
O ativista do Fatah Ashraf Bardaweel, 27, ficou gravemente ferido após a explosão do seu carro na Cisjordânia. Os palestinos acusaram o governo israelense de tentativa de assassinato, mas o Exército, que já matou vários suspeitos de terrorismo em ações semelhantes, negou envolvimento.
Um bebê israelense (atingido por pedras) e um árabe israelense (atingido por tiro) foram feridos com gravidade em estradas da Cisjordânia em ataques atribuídos a militantes palestinos.
Israel reconheceu uma queda no nível de violência após Arafat, pressionado pela comunidade internacional a seguir o exemplo do premiê Ariel Sharon, ter anunciado um cessar-fogo, no sábado. Israel anunciou que levantaria hoje o bloqueio imposto sobre bens de primeira necessidade em Gaza e Cisjordânia -permaneceriam, porém, as restrições à circulação dos palestinos. Israel quer que Arafat prenda os extremistas islâmicos soltos durante a Intifada (levante), iniciada em setembro.
O presidente dos EUA, George W. Bush, explicou que a visita do diretor da CIA, George Tenet, era motivada pelo aparente êxito na contenção da violência. "Cremos que foram feitos progressos suficientes para enviar Tenet e para que comecem discussões sérias sobre segurança", disse o presidente Bush.


Com agências internacionais


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