São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Washington abre espaço para outros interlocutores, embora diga que Bush não descartou o líder palestino

Arafat "não é confiável", diz Casa Branca

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos disseram ontem que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, não é eficiente e não merece confiança.
Sugeriram ainda que as autoridades americanas pretendem dialogar com outros líderes palestinos em busca de uma resolução pacífica para o conflito atual no Oriente Médio.
Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca, disse que o presidente americano, George W. Bush, não desistiu de Arafat. Entretanto, "na visão do presidente, Iasser Arafat nunca atuou como alguém confiável e eficaz".
Bush condenou o atentado suicida de ontem contra Israel. Mas, ao contrário do que é de costume, o comunicado da Casa Branca não fazia uma chamado convocando Arafat a frear a violência. Desta vez, referiu-se à Autoridade Palestina em termos genéricos.
Nas palavras de Fleischer, "Bush está menos concentrado em um indivíduo específico e mais concentrado em ações e resultados [no combate à ação dos grupos terroristas"".
"O presidente Arafat segue sendo o chefe da Autoridade Nacional Palestina e esse é um fato que o presidente Bush reconhece. Mas os governos são formados por várias pessoas", acrescentou.
"Se for com Arafat, tudo bem para o presidente. Mas, se forem outros [a mostrar resultados", tudo bem para o presidente", disse ainda Fleischer.

Abrindo espaços
Segundo analistas, as declarações do porta-voz americano refletem uma crescente ênfase dos Estados Unidos na possibilidade de achar interlocutores alternativos entre os palestinos. Mas Washington faria isso com o cuidado de deixar aberta uma porta para o que Bush considera uma remota chance: a de Arafat conseguir reformar ele mesmo a Autoridade Nacional Palestina.
As declarações foram vistas também como um apoio de Bush ao direito do premiê Ariel Sharon defender Israel.
Também tem aumentado o medo dos americanos de que os terroristas estejam sofisticando os seus métodos de ação.
Israel diz que terroristas tentaram usar um produto tóxico no ataque a um hotel, no último dia 27 de março, mas o atentado químico acabou fracassando devido a um problema técnico.
Bush estaria preocupado também com a possibilidade de que Síria e Irã estejam ajudando o Hizbollah, guerrilha que atua no sul do Líbano, a modernizar os seus armamentos.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Oriente Médio: Israel invade QG de Arafat após atentado
Próximo Texto: Análise: Arafat nunca esteve tão frágil
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.