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COMENTÁRIO
Medida não
garante fim
da violência
IGOR GIELOW
Editor-assistente de Brasil
A tentativa de pacificação da
Argélia pode até dar certo do
ponto de vista institucional,
mas dificilmente acabará de
vez com a violência no país.
A decisão do novo governo
argelino de soltar militantes islâmicos é um caso clássico de
anistia de Terceiro Mundo.
Soltam-se alguns culpados,
muitos inocentes e, para consumo externo, reina a paz.
Ótimo para a União Européia, em especial a ex-colonizadora França, que terá seus laços
comerciais (compra de cerca
de US$ 10 bilhões anuais em
gás e petróleo) com um país
onde não se cortam mais gargantas de crianças e que pode
não exportar tantos imigrantes
e, eventualmente, terrorismo
para seu território.
O problema reside em dois
pontos. Primeiro: o Grupo Islâmico Armado, principal facção
radical islâmica, está fora dos
acordos. É quase o mesmo que
decretar a paz na Irlanda do
Norte sem incluir o IRA.
Outro problema reside no fato de não haver definições claras sobre o papel reservado aos
islâmicos moderados. Com líderes ainda presos e restrições
de expressão e de participação
em eleições, o presidente Abdelaziz Bouteflika terá dificuldades para lidar com a demanda por maior democratização.
Na última vez em que a Frente Islâmica de Salvação participou de uma eleição, em 92, ganhou. Só que os militares não
gostaram e quase 100 mil mortos depois, o resultado está aí.
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