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IRAQUE SOB TUTELA
Após dois meses, forças dos EUA e milícia de clérigo xiita voltam a se enfrentar; ao menos três civis são mortos
Confrontos interrompem trégua em Najaf
DA REDAÇÃO
A derrubada de um helicóptero
americano e um confronto entre
insurgentes e soldados dos EUA
ontem ameaçaram pôr fim a dois
meses de trégua entre as forças
americanas e o Exército Mehdi, a
milícia do clérigo radical xiita
Moqtada al Sadr. Pelo menos três
civis iraquianos, um militar americano e sete rebeldes morreram.
Entretanto, horas após o clérigo
conclamar seus seguidores a
combater a maciça presença militar americana, um porta-voz de
Al Sadr pediu a retomada do cessar-fogo negociado em junho.
Durante a noite, segundo a
agência de notícias France Presse,
os combates ainda seguiam perto
de um cemitério na periferia de
Najaf, cidade considerada sagrada pelos xiitas. Em Bagdá, pelo
menos um membro da milícia de
Al Sadr morreu em confrontos no
bairro de Sadr City, área majoritariamente xiita e pobre, e em Basra, ao sul, as forças britânicas mataram dois insurgentes em outro
confronto com a milícia.
O xeque Mahmoud al Sudani,
porta-voz do clérigo, pediu a retomada do acordo de cessar-fogo,
sob o qual as tropas dos EUA deixaram Najaf e o Exército Mehdi
abandonou os ataques contra os
soldados. Outro porta-voz, Ahmed al Saibany, disse à agência
Associated Press que o clérigo estava "comprometido com a trégua", e que se os EUA não concordassem, "os tiros e a revolução
continuariam". Até o fechamento
desta edição, no entanto, as forças
americanas não haviam respondido à proposta.
O Ministério da Saúde iraquiano afirmou que pelo menos três
civis foram mortos e 25 foram feridos nos confrontos, mas hospitais colocaram o número de mortos civis em nove.
Troca de acusações
Segundo os EUA, os embates
começaram por volta das 3h (hora local), quando "um número
significativo de agressores" atacou uma delegacia. Guardas iraquianos e marines acorreram em
socorro dos policiais.
"O ataque foi uma violação clara do acordo de cessar-fogo fechado em junho entre as forças da
coalizão e Moqtada al Sadr", declarou o comando americano.
Mas os seguidores de Al Sadr acusaram a polícia iraquiana e as forças dos EUA de atacarem antes,
tendo danificado templos xiitas.
Durante o confronto, os seguidores do clérigo usaram os alto-falantes das mesquitas para conclamar os xiitas à luta. Lojas foram fechadas e as ruas ficaram
quase desertas. A polícia iraquiana, com reforços dos EUA, continuou a patrulha no centro da cidade, onde insurgentes cercaram
o santuário do imã Ali, principal
templo xiita. Um jato americano
bombardeou alvos nas cercanias
de Najaf.
Os insurgentes também atacaram a tiros e granadas uma caravana militar americana, matando
um soldado e ferindo cinco. Durante esse embate, um helicóptero
dos EUA fez um pouso forçado.
Os dois tripulantes sobreviveram.
O recrudescimento da violência
ontem alimentou temores de que
o majoritariamente xiita sul do
país, relativamente tranqüilo nos
dois últimos meses, volte a ser um
foco de tensões.
Um levante liderado por Al Sadr
em março, após os EUA ordenarem o fechamento do jornal que
ele editava alegando que ele incitava o antiamericanismo, resultou em confrontos com as forças
americanas durante os quais foram mortos pelo menos 20 soldados dos EUA e cerca de 350 americanos.
As tropas americanas, que emitiram uma ordem de prisão contra Al Sadr acusando-o de envolvimento na morte de um clérigo
rival em 2003, chegaram a cercar
Najaf durante o mês de maio, até a
negociação da trégua.
Com agências internacionais
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