São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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Líderes islâmicos são detidos pelo FBI

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

O FBI (a polícia federal americana) prendeu ontem líderes religiosos muçulmanos acusados de aceitarem participar de um plano de ataque terrorista nos EUA.
O plano, na verdade, era falso e foi proposto por um informante do FBI, que se apresentou aos acusados como membro de uma organização terrorista e disse precisar de sua ajuda para comprar um lançador de mísseis que seria usado para assassinar o embaixador do Paquistão em Nova York (cidade sede da ONU).
Segundo autoridades americanas, Yassin Aref, 34, e Mohammed Hossain, 49, líderes de uma mesquita em Albany (Estado de Nova York), aceitaram receber US$ 65 mil para comprar a arma e fornecer "disfarce" para a origem do dinheiro gasto na operação.
Aref é imã da mesquita e Hossain, um dos fundadores.
Os dois podem receber penas de até 70 anos de prisão, disse o procurador James Comey, do Departamento de Justiça, que reconheceu não ter havido nenhum perigo real de ataque.

Mensagem
Segundo Comey, a prisão serve para mandar uma mensagem a terroristas e simpatizantes. "Estamos trabalhando duro para nos infiltrar.
Qualquer pessoa envolvida em planos terroristas deveria se indagar se o seu cúmplice não é, na verdade, um dos nossos homens", afirmou o procurador.
As mulheres dos acusados negaram que eles estivessem envolvidos num plano terrorista. "É totalmente errado, totalmente falso e totalmente mentiroso", disse Mossamat, mulher de Hossain.
A prisão ocorre na semana em que Washington lançou alerta sobre a possibilidade de ataques iminentes a instituições financeiras no país tendo como base informações que datavam de anos antes.
O governo é acusado por membros da oposição de fazer uso político dos anúncios de possíveis ataques terroristas.
"Não estamos fazendo joguinhos", disse Comey. "Esses são tempos bastante sérios, e gostaria que não fossem. Gostaria que estivéssemos nos preocupando com outras coisas nesse verão."
Num caso semelhante, também foi preso ontem, em Chicago, Gale William Nettles, 66, acusado de participar de um plano para explodir um tribunal de Justiça nos Estados Unidos.
Nettles, um ex-detento, tentava vender o que acreditava ser um poderoso explosivo para supostos terroristas, que na verdade eram policiais.
O suposto explosivo consistia na verdade de 680 quilos de fertilizante. Nettles alegou que pensava carregar o mesmo produto químico, usado em plantações, que foi utilizado no atentado terrorista de Oklahoma, em 1995, em que 168 pessoas morreram.

Buscas
Também ontem, o FBI realizou buscas em casas nos Estados de Nova York e Nova Jersey à procura de informações sobre os ataques com cartas contendo a bactéria antraz, enviadas a prédios do governo e de empresas de comunicação, realizados há três anos. Cinco pessoas morreram vítimas dos ataques.
Ninguém foi preso e nenhuma informação sobre os resultados da ação foi divulgada. "As buscam se relacionam a investigação em andamento sobre a origem das cartas com antraz", disse uma porta-voz do FBI.


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