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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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"EIXO DO MAL"

Washington muda de política e admite recompensar norte-coreanos

EUA poderão ajudar Coréia do Norte

DA REDAÇÃO

Os EUA disseram ontem que a Coréia do Norte tem de dar o primeiro passo para pôr fim ao impasse gerado por seu programa nuclear, um dia após ser veiculada na mídia uma mudança na política americana em relação ao país, segundo a qual Washington poderia oferecer incentivos para que Pyongyang abrisse mão de suas capacidades nucleares.
Na semana passada, segundo reportagem do diário "The New York Times", o presidente George W. Bush autorizou os negociadores americanos que participavam de um encontro sobre o tema, realizado em Pequim, a dizer que os EUA estão preparados para tomar uma série de medidas para ajudar a Coréia do Norte.
Essas medidas, ainda de acordo com o jornal nova-iorquino -que ouviu funcionários do governo americano-, poderiam ir do abrandamento das sanções que pesam sobre os norte-coreanos a um eventual acordo de paz.
Porém funcionários do governo afirmaram ao "New York Times" que o abrandamento das sanções seria gradual e só ocorreria se Pyongyang concordasse em abrir mão de suas armas nucleares, começando a desativar suas instalações e permitindo que inspetores internacionais pudessem acompanhar todo o processo.
Os norte-coreanos não responderam imediatamente à mudança de estratégia dos EUA, no entanto autoridades americanas disseram que a mesma linha de negociação será adotada nos próximos encontros sobre o tema.
A próxima reunião multilateral -que também conta com a presença da Rússia, da China, do Japão e da Coréia do Sul- deverá ocorrer em outubro.
Porém, em um discurso, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, afirmou que "chegou a hora de os norte-coreanos mudarem seu comportamento".
A Casa Branca corroborou a declaração de Powell. "Nada vai acontecer antes que a Coréia do Norte altere seu comportamento e comece a desmantelar seu programa de armas nucleares. Estamos abertos a negociações sobre o que poderá ocorrer se os norte-coreanos mudarem seu comportamento. Estamos prontos para conversar", afirmou Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca.
No passado, o governo Bush criticava a administração precedente -de Bill Clinton- por ter assinado um acordo com a Coréia do Norte, em 1994, no qual concordava em fornecer combustível aos norte-coreanos antes que o regime comunista começasse a desativar seu programa nuclear.
Não ficou claro que tipos de incentivo os americanos poderiam oferecer aos norte-coreanos, mas autoridades americanas já mencionaram a possibilidade de dar garantias de segurança a Pyongyang. Dependendo do comportamento da Coréia do Norte, é possível que, a médio e longo prazos, Washington concorde em fornecer assistência econômica.
Pyongyang exige que os americanos aceitem a assinatura de um pacto de não-agressão bilateral. Porém, de acordo com a agência de notícias russa Interfax, Washington rechaçou essa possibilidade durante a reunião da semana passada. Não houve pronunciamento oficial a esse respeito.
A crise teve início em outubro passado, quando um alto funcionário do governo dos EUA (que visitara a Coréia do Norte) disse que Pyongyang admitira ter um programa nuclear secreto. Mas os norte-coreanos mantêm um discurso ambíguo sobre o tema.


Com agências internacionais

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