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ANÁLISE
Revés força Bush a mudar
STEVEN R. WEISMAN
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
Poucos governos gostam de
corrigir o rumo de sua política externa no meio do caminho, e muito menos admitir que o estão fazendo. Nesta semana, porém, ficou claro que a equipe do presidente Bush tem tido de repensar
sua abordagem no Iraque e na
Coréia do Norte, após uma sucessão de revezes e pressões.
No Iraque, os atentados mortíferos do final do verão incentivaram a continuação do esforço do
secretário de Estado, Colin Powell, que já vinha se manifestando
nos bastidores desde julho, no
sentido de ampliar os papéis da
ONU e dos aliados americanos na
ocupação do país.
No que diz respeito à Coréia do
Norte, o governo americano, que
inicialmente tinha dito que não
seriam feitas concessões ao governo de Kim Jong-il antes do desmantelamento de seu programa
nuclear, agora diz que um processo passo a passo pode render benefícios aos norte-coreanos.
Ao mesmo tempo em que declararam que ambas essas mudanças são evolutivas, representantes da administração reconhecem que, após a desgastante guerra no Iraque, o pêndulo começou
a se inclinar na direção da diplomacia. ""Quando as negociações
se defrontam com a realidade, as
posições precisam evoluir", disse
um alto funcionário americano.
A dura realidade do Iraque praticamente passou por cima de outros cálculos, não apenas na administração, mas também no
Congresso, onde os parlamentares voltaram do recesso do verão
nesta semana depois de ouvir as
perguntas de suas bases sobre as
baixas e os custos da ocupação.
As dúvidas e perguntas no Congresso, por sua vez, fortaleceram a
posição de Powell, dando-lhe
mais liberdade para pedir um papel maior da ONU e dos aliados
americanos no Iraque, apesar do
ceticismo do Pentágono.
De acordo com fontes do governo, Powell teria aproveitado um
momento delicado e doloroso para convencer Bush, ao longo das
últimas semanas, de que os aliados americanos são essenciais para cobrir os custos militares e econômicos no Iraque, sem falar em
trazer as tropas americanas para
casa no ano que vem.
Se a posição de Powell, por um
lado, se viu fortalecida, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld,
herói da invasão do Iraque, agora
enfrenta perguntas difíceis sobre
o porquê de os EUA aparentemente estarem mal preparados
para o pós-guerra no Iraque. Os
acontecimentos fizeram com que
Rumsfeld, opositor ferrenho do
fortalecimento do papel da ONU
no Iraque, esteja menos apto agora a impor obstáculos aos propósitos de Powell.
O pano de fundo do mês de setembro desanimador em Washington é formado por um déficit
orçamentário que se aproxima
dos US$ 500 bilhões para o próximo ano, antes mesmo de ser contabilizado o custo da guerra, e
uma retomada econômica anêmica que não é acompanhada por
nenhum sinal de melhora no que
diz respeito ao desemprego.
Com as sondagens indicando
que Bush pode ter dificuldade em
se reeleger, a Casa Branca não pode se dar ao luxo de aparentar tropeços em suas ações no exterior.
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