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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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EUA

Presidente defendia redução do papel do Estado durante campanha presidencial

Com Bush, cresce peso do governo

RANDAL MIKKELSEN
DA REUTERS, EM WASHINGTON

A era do governo inchado (se é que deixou de existir) voltou com força total sob a égide do presidente George W. Bush, que chegou ao poder defendendo idéias conservadoras como alternativa.
Um estudo divulgado ontem pelo Instituto Brookings e pela Universidade de Nova York diz que a dimensão da força de trabalho federal, que inclui os funcionários das empresas que ganharam contratos para prestar serviços para o governo, aumentou em mais de 1 milhão de pessoas entre outubro de 1999 e outubro de 2002, chegando a 12,1 milhões.
O aumento se deve à guerra ao terrorismo, lançada por Bush após o 11 de Setembro, ao crescimento do Departamento da Saúde e ao de outros órgãos domésticos, segundo o relatório.
Isso significa um crescimento de cerca de 75% em relação às reduções na força de trabalho federal ligadas ao chamado ""dividendo da paz" do pós-Guerra Fria. Este fez com que, em 1996, o ex-presidente Bill Clinton pudesse declarar que ""a era do governo inchado" chegara ""ao fim".
De acordo com Claire Buchan, porta-voz da Casa Branca, ""a prioridade do presidente é garantir que o governo obtenha resultados para a população, e ele está preocupado principalmente em proteger os americanos, vencer a guerra contra o terrorismo e garantir a segurança econômica".
Segundo o relatório, a força de trabalho federal cresceu em todos os setores -fora o funcionalismo público federal. Isso porque o governo Bush se esforçou para tornar menos visível a expansão da força de trabalho, transferindo obras para empresas contratadas.
Para o autor do estudo, Paul Light, essa é uma prática usada desde os anos 60. ""Não vejo problema no tamanho do governo. Mas deveríamos ser honestos quanto à escala real de seu papel."
O funcionalismo público federal foi reduzido em 46 mil postos entre 1999 e 2002, enquanto o número de empregos nas empresas contratadas pelo governo federal aumentou em 727 mil vagas.
Embora as Forças Armadas tenham ganho apenas mais 70 mil homens, o governo criou, desde o final do mandato de Clinton, cerca de 500 mil novos empregos ligados à defesa. ""Bush acelerou as coisas em termos dos gastos com a defesa", disse Light.
Em sua campanha presidencial, em 2000, Bush se apresentou como defensor da redução do tamanho do governo federal.


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