UOL


São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Secretário cobra sugestões concretas de críticos da proposta americana; Rússia exige negociação "séria"

EUA aceitam ajustar resolução, diz Powell

DA REDAÇÃO

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse ontem que o governo americano está disposto a "ajustar e adaptar" sua proposta de resolução para o Iraque apresentada nesta semana no Conselho de Segurança (CS) da ONU, mas pediu à França e à Alemanha, os principais críticos da proposta americana, que apresentem sugestões concretas.
"Ouviremos todos as observações que forem feitas e tentaremos ajustar e adaptar [a resolução] a essas observações desde que estejam de acordo com nosso objetivo maior", disse Powell, em fala na Universidade George Washington, na capital americana.
Nesta semana, os EUA encaminharam ao CS uma proposta de resolução que propõe a criação de uma força multinacional, sob comando americano, para ajudar as forças de ocupação no difícil -e arriscado- processo de estabilização do Iraque. Os EUA também querem que outros países ajudem financeiramente na reconstrução.
Entretanto países que foram contra a guerra, em especial a França (membro permanente do CS) e a Alemanha (membro provisório), exigem que os EUA cedam mais poder à ONU e transfiram o quanto antes a administração do país para os iraquianos.
"O presidente francês e o chanceler alemão disseram considerar a resolução como um passo positivo, mas que ela não ia tão longe quanto eles esperavam", disse Powell a jornalistas. "Gostaria agora de ver o que eles propõe e o que seus representantes em Nova York irão propor", afirmou.
Powell disse que o objetivo único dos EUA no Iraque é "permitir à população iraquiana recuperar sua soberania", desde que baseada em instituições democráticas e eleições.
Ontem, os 15 membros do CS da ONU (cinco permanentes, com direito a veto, e dez provisórios) realizaram as primeiras discussões informais sobre a proposta americana.
A Rússia (membro permanente que também se opôs à guerra) deixou claro que os EUA terão de negociar seriamente questões centrais como o papel da ONU e o cronograma para devolver a soberania aos iraquianos.
"Preliminarmente, posso dizer que essa iniciativa merece atenção, pois seu conteúdo reflete os princípios que têm sido defendidos pela Rússia", disse o ministro das Relações Exteriores russo, Igor Ivanov. "Naturalmente, muito trabalho sério terá de ser feito para que [esses princípios] estejam refletidos na versão final."
Para ser aprovada, a resolução precisa receber a maioria dos 15 votos no CS e não pode ser vetada por nenhum dos cinco membros permanentes. O Reino Unido apóia os EUA, e a China, embora contrária à guerra, tem se mostrado simpática à resolução.
O presidente dos EUA, George W. Bush, fará no domingo à noite, na Casa Branca, um discurso sobre o Iraque.

Rumsfeld no Iraque
Enquanto Powell articulava nos EUA, o secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, visitava o Iraque. Em entrevista gravada transmitida pela Rede de Mídia Iraquiana, ele disse que os ataques contra as forças americanas e britânicas não levarão os EUA e o Reino Unido a deixar o país e não trarão o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein de volta.
"A coalizão não será dissuadida por meio de sabotagem ou de ações de atiradores e terroristas com carros-bombas", disse. "O regime de Saddam acabou. Eles não voltarão."


Com agências internacionais

Texto Anterior: EUA: Com Bush, cresce peso do governo
Próximo Texto: Especialista em explosivos britânico é assassinado
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.