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ANÁLISE
Premiê tenta evitar desgaste e enfraquecer rivais
MARCELO STAROBINAS
DA REDAÇÃO
Os cálculos que levaram Ariel
Sharon a antecipar as eleições servem a seus interesses pessoais.
Acelerando o processo eleitoral, o
premiê assume a dianteira na disputa contra os seus dois principais rivais: o Partido Trabalhista e
o ex-premiê e agora chanceler
Binyamin "Bibi" Netanyahu.
Pesquisas de opinião antecipam
uma vitória esmagadora nas urnas do Likud, que passaria das
atuais 19 cadeiras para 30. A bancada trabalhista diminuiria de 25
para menos de 20 deputados. O
Parlamento tem 120 cadeiras.
No atual cenário israelense
-sucessivos atentados palestinos
e crise econômica-, a popularidade do premiê tende a cair a cada
semana. A manutenção de uma
coalizão instável dominada pela
agenda da extrema direita prejudicaria Sharon e beneficiaria a
oposição trabalhista, que ganharia tempo e argumentos para reconquistar o eleitorado de centro.
Eleições em janeiro ou fevereiro, portanto, devem dar ao Likud
a vantagem necessária para que o
futuro premiê costure uma maioria confortável no Parlamento.
A outra cartada de Sharon, dirigida contra Netanyahu, é a mais
importante. "Bibi" adota discurso
mais duro contra os palestinos.
Via na recente "moderação" do
premiê na repressão à Intifada
-exigência dos EUA para não
atrapalhar sua estratégia no Iraque- um de seus trunfos para
ganhar votos dos "falcões" do Likud. Agora, restando três meses
para as eleições e apenas três ou
quatro semanas para as primárias
do partido, o tempo é escasso para Netanyahu obter ganhos políticos e eleitorais com eventuais erros do premiê.
A guerra fria entre os dois promete esquentar. Não será surpresa ver o premiê desautorizando
em público o seu chanceler Netanyahu. Sharon ainda usará cargos públicos como valiosa moeda
para comprar a vitória dentro do
Likud. Até as primárias, manterá
desocupadas cinco pastas ministeriais, reservadas com carinho
aos likudistas que votarem nele
nas primárias.
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