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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Para Ehud Olmert, negociações de paz são "perda de tempo"; popularidade do premiê israelense despenca

Vice de Sharon fala em saída unilateral dos territórios

DA REDAÇÃO

O vice-primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, declarou ser possível que Israel venha a desocupar a Cisjordânia, a faixa de Gaza e parte de Jerusalém.
Segundo análise da agência Associated Press, suas declarações ao jornal "Yediot Ahronot" podem ser um balão de ensaio que sinalizaria o abrandamento da posição do premiê Ariel Sharon, de quem Olmert é próximo.
Sharon tem reiteradamente rejeitado propostas de paz com os palestinos que resultem na cessão de uma parte de Jerusalém.
O argumento que Olmert usou é o de que seria preciso abandonar territórios nos quais a população árabe supere em número a de origem judaica. Ele disse ao jornal que negociações de paz são "uma perda de tempo" e que Israel tem agora duas alternativas: ou retirar-se para dentro das fronteiras anteriores à guerra de 1967, ou então avançar nos territórios palestinos, o que chamou de "movimento unilateral de inclusão".
Sharon e seus antecessores sempre afirmaram que não recuariam às fronteiras de 1967. O jornal "Maariv" revelou que, em sua "iniciativa unilateral", o primeiro-ministro poderia, por enquanto, desmobilizar 16 dos assentamentos judaicos em Gaza e outros não quantificados na Cisjordânia.

Popularidade em queda
O "Maariv" também publicou pesquisa que aponta um índice inédito de desaprovação a Sharon. Apenas 33% estariam satisfeitos com ele, contra 57% de insatisfeitos. A impopularidade está associada aos efeitos da crise econômica na taxa de desemprego e ao aparente malogro da estratégia de conter o terrorismo por medidas coercitivas ou militares.
A popularidade do primeiro-ministro começou a cair em agosto, quando terminou a trégua anunciada em junho por grupos palestinos, o que reforçou em Israel o sentimento de insegurança.
A mesma pesquisa do "Maariv" revela que apenas 29% dos israelenses apóiam o plano de paz oficiosamente negociado em Genebra por personalidades israelenses e palestinas. São 45% os israelenses que se opõem ao plano.
Ontem, em Washington, o secretário de Estado, Colin Powell, recebeu por duas horas os co-autores do plano oficioso de paz. A audiência foi bem mais longa do que inicialmente programada.
O israelense Yossi Beilin e o palestino Abed Rabbo disseram ter sido encorajados pela afirmação do presidente George W. Bush de que o documento era "construtivo". Segundo eles, Powell demonstrou boa vontade e acolheu o plano com simpatia.
A iniciativa do secretário de Estado de receber Beilin e Rabbo desagradou ao governo israelense. O primeiro-ministro Sharon há dias qualificou de "subversivo" o documento de Genebra.
Ontem à noite, Beilin e Rabbo voaram para Nova York, onde deveriam ser recebidos pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Divergência interna
Prosseguia ontem em meio a divergências a reunião, no Egito, entre lideranças palestinas. Integrantes da ANP (Autoridade Nacional Palestina) procuram convencer grupos terroristas a cessar os ataques contra Israel.
Apenas com uma trégua, argumenta a ANP, se descongelaria o plano de paz patrocinado pelos EUA, que prevê a criação de um Estado palestino em 2005.
Mas três dos grupos radicais, o Hamas, o Jihad Islâmico e a Frente Popular de Libertação da Palestina, segundo a agência France Presse, opõem-se à idéia de trégua, por acharem que Israel não propõe nada em troca e não teria a intenção de fazê-lo.


Com agências internacionais


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