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ORIENTE MÉDIO
Para Ehud Olmert, negociações de paz são "perda de tempo"; popularidade do premiê israelense despenca
Vice de Sharon fala em saída unilateral dos territórios
DA REDAÇÃO
O vice-primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, declarou ser
possível que Israel venha a desocupar a Cisjordânia, a faixa de Gaza e parte de Jerusalém.
Segundo análise da agência Associated Press, suas declarações
ao jornal "Yediot Ahronot" podem ser um balão de ensaio que
sinalizaria o abrandamento da
posição do premiê Ariel Sharon,
de quem Olmert é próximo.
Sharon tem reiteradamente rejeitado propostas de paz com os
palestinos que resultem na cessão
de uma parte de Jerusalém.
O argumento que Olmert usou é
o de que seria preciso abandonar
territórios nos quais a população
árabe supere em número a de origem judaica. Ele disse ao jornal
que negociações de paz são "uma
perda de tempo" e que Israel tem
agora duas alternativas: ou retirar-se para dentro das fronteiras
anteriores à guerra de 1967, ou então avançar nos territórios palestinos, o que chamou de "movimento unilateral de inclusão".
Sharon e seus antecessores sempre afirmaram que não recuariam
às fronteiras de 1967. O jornal
"Maariv" revelou que, em sua
"iniciativa unilateral", o primeiro-ministro poderia, por enquanto, desmobilizar 16 dos assentamentos judaicos em Gaza e outros
não quantificados na Cisjordânia.
Popularidade em queda
O "Maariv" também publicou
pesquisa que aponta um índice
inédito de desaprovação a Sharon. Apenas 33% estariam satisfeitos com ele, contra 57% de insatisfeitos. A impopularidade está
associada aos efeitos da crise econômica na taxa de desemprego e
ao aparente malogro da estratégia
de conter o terrorismo por medidas coercitivas ou militares.
A popularidade do primeiro-ministro começou a cair em agosto, quando terminou a trégua
anunciada em junho por grupos
palestinos, o que reforçou em Israel o sentimento de insegurança.
A mesma pesquisa do "Maariv"
revela que apenas 29% dos israelenses apóiam o plano de paz oficiosamente negociado em Genebra por personalidades israelenses e palestinas. São 45% os israelenses que se opõem ao plano.
Ontem, em Washington, o secretário de Estado, Colin Powell,
recebeu por duas horas os co-autores do plano oficioso de paz. A
audiência foi bem mais longa do
que inicialmente programada.
O israelense Yossi Beilin e o palestino Abed Rabbo disseram ter
sido encorajados pela afirmação
do presidente George W. Bush de
que o documento era "construtivo". Segundo eles, Powell demonstrou boa vontade e acolheu
o plano com simpatia.
A iniciativa do secretário de Estado de receber Beilin e Rabbo desagradou ao governo israelense. O
primeiro-ministro Sharon há dias
qualificou de "subversivo" o documento de Genebra.
Ontem à noite, Beilin e Rabbo
voaram para Nova York, onde deveriam ser recebidos pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Divergência interna
Prosseguia ontem em meio a divergências a reunião, no Egito,
entre lideranças palestinas. Integrantes da ANP (Autoridade Nacional Palestina) procuram convencer grupos terroristas a cessar
os ataques contra Israel.
Apenas com uma trégua, argumenta a ANP, se descongelaria o
plano de paz patrocinado pelos
EUA, que prevê a criação de um
Estado palestino em 2005.
Mas três dos grupos radicais, o
Hamas, o Jihad Islâmico e a Frente Popular de Libertação da Palestina, segundo a agência France
Presse, opõem-se à idéia de trégua, por acharem que Israel não
propõe nada em troca e não teria
a intenção de fazê-lo.
Com agências internacionais
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