São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

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IRAQUE

ONU e Washington negam; agência de energia atômica afirma que nada contra os iraquianos foi achado até agora

Saddam acusa inspetores de espionagem

DA REDAÇÃO

O ditador iraquiano, Saddam Hussein, acusou os inspetores de armas da ONU que estão no Iraque de estarem realizando "serviços de espionagem" em vez de buscar provas da existência de armas de destruição em massa.
Para Saddam, os inspetores estariam a serviço dos EUA, que os pressionam a fornecer informações de inteligência.
Apesar das acusações, os iraquianos prosseguem cooperando com as inspeções da ONU.
Os inspetores, de acordo com o ditador iraquiano, estão anotando os nomes de cientistas iraquianos, fazendo-lhes perguntas que estão fora das agendas de inspeção e coletando dados sobre armas convencionais que são permitidas pela ONU. As declarações foram feitas em fita gravada divulgada pela TV iraquiana.
"A totalidade ou a maioria dessas atividades constitui serviço de inteligência puro", disse Saddam. O ditador não ofereceu nenhuma prova específica da espionagem, e suas acusações foram rejeitadas pela porta-voz da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Melissa Fleming.
"Nós certamente rejeitamos integralmente todas as acusações de que estamos a serviço de um governo ou de que estamos fornecendo informações diretamente para algum governo", disse Fleming, em Viena.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que Washington também nega as acusações e as classificou de "lamentáveis".
De acordo com a resolução do Conselho de Segurança da ONU aprovada em novembro, os inspetores estão no Iraque para estabelecer se ainda existem armas ou programas de armamentos químicos, biológicos ou nucleares. O Iraque nega possuir essas armas, porém os EUA e o Reino Unido acusam o país de escondê-las.
O diretor-geral da AIEA, Mohamed El Baradei, disse ontem que até agora não "foi encontrado nas inspeções nada que indique que o Iraque tenha mentido em sua declaração" sobre armas de destruição em massa enviada à ONU em dezembro.
O ditador iraquiano não deixou claro se suas acusações de espionagem podem levar o Iraque a suspender a colaboração com os inspetores. Caso imponha obstáculos, correrá o risco de ser atacado por uma coalizão militar liderada pelos EUA.
Os inspetores da ONU foram expulsos do Iraque em 1998 após serem acusados por Saddam de estarem espionando.
"O povo e o Exército iraquianos irão prevalecer porque a Justiça estará a nosso lado", disse Saddam, ao comentar sobre um eventual ataque americano. "Estamos em nosso país e sairemos triunfantes."

Reservistas
A Marinha dos EUA convocou ontem cerca de 10 mil reservistas para se prepararem para uma possível ofensiva militar no Iraque. Um navio-hospital também foi enviado para o golfo Pérsico.
Já o chanceler britânico, Jack Straw, disse que uma possível guerra no Iraque está bem mais distante do que muitos analistas têm afirmado e que é possível evitá-la. "As pessoas precisam entender que a guerra não é inevitável", afirmou o ministro do Reino Unido, principal aliado dos EUA.


Com agências internacionais


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