São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Atacado por democratas, presidente vive mau momento e decide aparecer mais na mídia para se defender

Na defensiva, candidato Bush tenta reagir

DA REDAÇÃO

Duas semanas após rejeitar um convite para aparecer num dos mais importantes espaços políticos da TV americana, o "Meet the Press" (encontro com a imprensa), o presidente George W. Bush mudou de idéia e receberá hoje na Casa Branca o apresentador do programa, Tim Russert. A entrevista, que vai ao ar amanhã, é mais um sinal de que a campanha de reeleição do presidente republicano está em estado de alerta.
Uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos e divulgada pela agência de notícias Associated Press mostra uma acentuada queda na popularidade de Bush no último mês. Nesse espaço de tempo, caiu de 56% para 47% a taxa de aprovação ao presidente. Sobre a eleição de novembro, 37% disseram que "definitivamente" votariam em Bush, enquanto 43% declararam com a mesma certeza que escolheriam outra pessoa. Foram ouvidos mil americanos adultos entre os dias 2 e 4 deste mês. A margem de erro é de três pontos percentuais.
O "Washington Post" publicou ontem reportagem segundo a qual fontes do Partido Republicano avaliam que o presidente está "mais fraco do que seus estrategistas esperavam". "As pessoas que dirigem a campanha do presidente estão preocupadas", disse ao jornal um conselheiro republicano de Bush que não faz parte do círculo da Casa Branca.
Foi o próprio Bush, que concede bem menos entrevistas do que os seus antecessores no cargo, que sugeriu a aparição no "Meet the Press" como forma de reagir aos ataques que vem sofrendo dos pré-candidatos democratas.
O presidente está na defensiva. As ações programadas para neutralizar o destaque que o Partido Democrata vem tendo na mídia por causa da disputa entre os pré-candidatos não estão produzindo os resultados desejados. A Casa Branca, por exemplo, marcou o Discurso sobre o Estado da União para o dia seguinte à realização da primeira prévia democrata, em Iowa. O pronunciamento, porém, foi bastante criticado pela imprensa e foi o menos bem avaliado pelo público dos três que Bush fez em seu mandato.
Em 1996, o Discurso sobre o Estado da União de Bill Clinton ajudou a colocá-lo em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Já Bush, duas semanas após ter feito o discurso, tem as piores avaliações de sua Presidência.
Os 47% de aprovação que Bush tem hoje são idênticos aos que seu pai, George Bush, tinha no mesmo período de seu mandato. Bush pai acabou perdendo a eleição de 1992 para Clinton.
Os republicanos, porém, argumentam que a queda pode ser considerada natural. Ken Mehlman, o diretor da campanha de Bush, afirma que todo presidente sempre atinge seu momento mais difícil pouco antes de o partido rival escolher o candidato. "Historicamente, quando as pessoas avaliam as alternativas, os números mudam", disse.
"Neste exato momento, a campanha se restringe a apenas um lado. O outro partido está no meio de seu processo de indicação. É difícil para quem está na Presidência invadir o espaço da campanha democrata", concordou Charles Jones, acadêmico que pesquisa eleições presidenciais. Ainda ontem, a campanha de Bush recebeu mais uma má notícia, com a divulgação dos dados oficiais sobre a criação de postos de trabalho no mês passado. Surgiram apenas 112 mil novos empregos, um número bem menor do que o esperado.
A economia dos EUA precisa gerar mensalmente 150 mil empregos só para acomodar o crescimento da força de trabalho. O governo Bush havia previsto que os cortes de impostos que defendia e que foram aprovados pelo Congresso iriam produzir 2,1 milhões de empregos de junho de 2003 até janeiro. Mas o número desse período foi de somente 296 mil.


Com Associated Press


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