|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÃO NOS EUA
Atacado por democratas, presidente vive mau momento e decide aparecer mais na mídia para se defender
Na defensiva, candidato Bush tenta reagir
DA REDAÇÃO
Duas semanas após rejeitar um
convite para aparecer num dos
mais importantes espaços políticos da TV americana, o "Meet the
Press" (encontro com a imprensa), o presidente George W. Bush
mudou de idéia e receberá hoje na
Casa Branca o apresentador do
programa, Tim Russert. A entrevista, que vai ao ar amanhã, é mais
um sinal de que a campanha de
reeleição do presidente republicano está em estado de alerta.
Uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos e divulgada pela agência
de notícias Associated Press mostra uma acentuada queda na popularidade de Bush no último
mês. Nesse espaço de tempo, caiu
de 56% para 47% a taxa de aprovação ao presidente. Sobre a eleição de novembro, 37% disseram
que "definitivamente" votariam
em Bush, enquanto 43% declararam com a mesma certeza que escolheriam outra pessoa. Foram
ouvidos mil americanos adultos
entre os dias 2 e 4 deste mês. A
margem de erro é de três pontos
percentuais.
O "Washington Post" publicou
ontem reportagem segundo a
qual fontes do Partido Republicano avaliam que o presidente está
"mais fraco do que seus estrategistas esperavam". "As pessoas
que dirigem a campanha do presidente estão preocupadas", disse
ao jornal um conselheiro republicano de Bush que não faz parte do
círculo da Casa Branca.
Foi o próprio Bush, que concede
bem menos entrevistas do que os
seus antecessores no cargo, que
sugeriu a aparição no "Meet the
Press" como forma de reagir aos
ataques que vem sofrendo dos
pré-candidatos democratas.
O presidente está na defensiva.
As ações programadas para neutralizar o destaque que o Partido
Democrata vem tendo na mídia
por causa da disputa entre os pré-candidatos não estão produzindo
os resultados desejados. A Casa
Branca, por exemplo, marcou o
Discurso sobre o Estado da União
para o dia seguinte à realização da
primeira prévia democrata, em
Iowa. O pronunciamento, porém,
foi bastante criticado pela imprensa e foi o menos bem avaliado pelo público dos três que Bush
fez em seu mandato.
Em 1996, o Discurso sobre o Estado da União de Bill Clinton ajudou a colocá-lo em primeiro lugar
nas pesquisas de intenção de voto.
Já Bush, duas semanas após ter
feito o discurso, tem as piores avaliações de sua Presidência.
Os 47% de aprovação que Bush
tem hoje são idênticos aos que seu
pai, George Bush, tinha no mesmo período de seu mandato.
Bush pai acabou perdendo a eleição de 1992 para Clinton.
Os republicanos, porém, argumentam que a queda pode ser
considerada natural. Ken Mehlman, o diretor da campanha de
Bush, afirma que todo presidente
sempre atinge seu momento mais
difícil pouco antes de o partido rival escolher o candidato. "Historicamente, quando as pessoas
avaliam as alternativas, os números mudam", disse.
"Neste exato momento, a campanha se restringe a apenas um lado. O outro partido está no meio
de seu processo de indicação. É
difícil para quem está na Presidência invadir o espaço da campanha democrata", concordou
Charles Jones, acadêmico que
pesquisa eleições presidenciais.
Ainda ontem, a campanha de
Bush recebeu mais uma má notícia, com a divulgação dos dados
oficiais sobre a criação de postos
de trabalho no mês passado. Surgiram apenas 112 mil novos empregos, um número bem menor
do que o esperado.
A economia dos EUA precisa
gerar mensalmente 150 mil empregos só para acomodar o crescimento da força de trabalho. O governo Bush havia previsto que os
cortes de impostos que defendia e
que foram aprovados pelo Congresso iriam produzir 2,1 milhões
de empregos de junho de 2003 até
janeiro. Mas o número desse período foi de somente 296 mil.
Com Associated Press
Texto Anterior: Presidente não quer lei que alonga mandato Próximo Texto: Artigo: Já agüentamos o suficiente Índice
|