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Amorim se vê protagonista de "diplomacia do pingue-pongue"
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O chanceler Celso Amorim
classificou as negociações pelo
restabelecimento da paz entre
Colômbia e Equador como "a
diplomacia do pingue-pongue",
porque é preciso negociar com
os dois lados até chegar ao consenso, como na resolução da
OEA (Organização os Estados
Americanos) de anteontem.
Sem condenar diretamente a
Colômbia e o governo Uribe, a
resolução não irritou Bogotá,
mas satisfez o Equador, que
exigia uma condenação veemente da invasão de suas fronteiras. "Foi uma vitória da paz",
disse o ministro.
"A resolução foi muito importante, porque dá autoridade
moral às negociações e às posições que forem tomadas pelos
dois lados", disse ele à Folha,
por telefone, ontem à noite.
Amorim se disse convencido
de que tanto Uribe quanto Rafael Correa irão hoje à reunião
de presidentes do Grupo do
Rio, propiciando a oportunidade de uma declaração conjunta
de apoio à resolução.
Apesar de Correa ter respondido não ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
anteontem, para que se reunisse pessoalmente com o rival
Uribe, Amorim acha que só o
fato de os dois aceitarem participar da mesma reunião já significa um gesto em direção à
paz na região.
O ministro brasileiro disse
que é "natural" que Correa esteja irritado, pois o território
equatoriano foi de fato violado,
mas o clima tende a serenar e a
chegar a um acordo.
Comissão
Autor da proposta de criação
de uma comissão para investigar as circunstâncias do ataque
colombiano às Farc no Equador, o Brasil será um dos seus
membros, ao lado de Argentina, Peru, Bahamas e Panamá.
O objetivo é que ouçam as
versões dos dois lados, visitem
o local do bombardeio e façam
um relatório detalhado.
Depois da comissão haverá
uma reunião de chanceleres no
próximo dia 17, mas Amorim
não arrisca qual será o grau de
evolução dos entendimentos
até lá: "Ninguém é inocente de
achar que vai virar uma maravilha da noite para o dia. Mas o
mais importante é a expectativa de que a retórica vá baixar o
tom", disse ele, assegurando
que o processo já começou.
"Ninguém virou a mesa, ninguém quer partir para soluções
bélicas", afirmou, registrando
que até o presidente da Venezuela, Hugo Chávez -que reagiu nos primeiros momentos
chamando Uribe de "criminoso"- tinha recuado.
Ele também registrou que os
EUA, o único país das Américas
a apoiar explicitamente o ataque promovido pela Colômbia,
não foram decisivos nas decisões da OEA: "A questão latino-americana foi tratada com latino-americanidade. Estamos
amadurecendo".
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