São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Marcha da oposição colombiana contra violência reúne milhares

Protesto foi resposta a marcha pró-Uribe de fevereiro; alvo foram paramilitares

DO ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

Aos gritos de "Uribe fascista, você é terrorista" e "por que nos assassinam, se somos a esperança da América Latina" e sob um fortíssimo policiamento, milhares de pessoas paralisaram o centro de Bogotá durante toda a manhã e o início da tarde de ontem em uma passeata de protesto contra o desaparecimento de 15 mil pessoas, execuções extrajudiciais e deslocações forçadas causadas nos últimos anos por grupos paramilitares, criados nos anos 80 para combater as guerrilhas marxistas.
A "marcha" também era uma resposta a protesto semelhante, contra as Farc, apoiado pelo presidente Álvaro Uribe no início do mês passado. Naquela ocasião, os manifestantes foram calculados pela imprensa local em centenas de milhares.
Ontem, o público era bastante diverso. Havia estudantes universitários, secundaristas, punks encapuzados, sindicalistas, senhoras de branco, bandas de música, "artistas pela paz", organizações dos movimentos negro e indígena, sindicatos, tambores e chocalhos.
Eles partiram de 12 pontos diferentes da cidade para um encontro marcado para o meio-dia na praça Bolívar, em frente à Prefeitura de Bogotá, comandada pelo partido esquerdista Pólo Patriótico, que apoiou a passeata. Houve protestos em outras 20 cidades colombianas.
Em Bogotá, a praça Bolívar lotou e a fila de manifestantes se estendia por mais de dois quilômetros. A polícia não forneceu estimativas de público, mas havia muito mais pessoas nas ruas de Bogotá ontem do que na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o primeiro mandato, em 2003.
A marcha foi convocada pelo Movimento Nacional das Vítimas de Crimes de Estado. Ao longo do percurso, viam-se representações de torturas e mortes. Em uma delas, homens de preto carregavam mulheres encapuzadas com bandeiras da Colômbia sobre tábuas de madeira. De vez em quando paravam e pressionavam as cabeças delas em bacias de metal onde se lia "no más torturas".
Os cartazes criticavam Uribe e os EUA. Um deles trazia fotos de desaparecidos sob o título: "Vítimas de Coca-Cola y Nestlé". Outro indagava: "Se Chávez é o chefe das Farc, quem comanda os "paras'?".
No ano passado, integrantes do governo e da base governista no Congresso foram presos, acusados de relação com os grupos paramilitares.
Apesar do número de manifestantes, pesquisas de opinião indicam que a ação militar que matou o número 2 das Farc, Raúl Reyes, teve aprovação de 83% da população. (ID)


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