|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Marcha da oposição colombiana contra violência reúne milhares
Protesto foi resposta a marcha pró-Uribe de fevereiro; alvo foram paramilitares
DO ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
Aos gritos de "Uribe fascista,
você é terrorista" e "por que
nos assassinam, se somos a esperança da América Latina" e
sob um fortíssimo policiamento, milhares de pessoas paralisaram o centro de Bogotá durante toda a manhã e o início da
tarde de ontem em uma passeata de protesto contra o desaparecimento de 15 mil pessoas,
execuções extrajudiciais e deslocações forçadas causadas nos
últimos anos por grupos paramilitares, criados nos anos 80
para combater as guerrilhas
marxistas.
A "marcha" também era uma
resposta a protesto semelhante, contra as Farc, apoiado pelo
presidente Álvaro Uribe no início do mês passado. Naquela
ocasião, os manifestantes foram calculados pela imprensa
local em centenas de milhares.
Ontem, o público era bastante diverso. Havia estudantes
universitários, secundaristas,
punks encapuzados, sindicalistas, senhoras de branco, bandas
de música, "artistas pela paz",
organizações dos movimentos
negro e indígena, sindicatos,
tambores e chocalhos.
Eles partiram de 12 pontos
diferentes da cidade para um
encontro marcado para o meio-dia na praça Bolívar, em frente
à Prefeitura de Bogotá, comandada pelo partido esquerdista
Pólo Patriótico, que apoiou a
passeata. Houve protestos em
outras 20 cidades colombianas.
Em Bogotá, a praça Bolívar
lotou e a fila de manifestantes
se estendia por mais de dois
quilômetros. A polícia não forneceu estimativas de público,
mas havia muito mais pessoas
nas ruas de Bogotá ontem do
que na posse do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para o
primeiro mandato, em 2003.
A marcha foi convocada pelo
Movimento Nacional das Vítimas de Crimes de Estado. Ao
longo do percurso, viam-se representações de torturas e
mortes. Em uma delas, homens
de preto carregavam mulheres
encapuzadas com bandeiras da
Colômbia sobre tábuas de madeira. De vez em quando paravam e pressionavam as cabeças
delas em bacias de metal onde
se lia "no más torturas".
Os cartazes criticavam Uribe
e os EUA. Um deles trazia fotos
de desaparecidos sob o título:
"Vítimas de Coca-Cola y Nestlé". Outro indagava: "Se Chávez é o chefe das Farc, quem comanda os "paras'?".
No ano passado, integrantes
do governo e da base governista
no Congresso foram presos,
acusados de relação com os
grupos paramilitares.
Apesar do número de manifestantes, pesquisas de opinião
indicam que a ação militar que
matou o número 2 das Farc,
Raúl Reyes, teve aprovação de
83% da população.
(ID)
Texto Anterior: Amorim se vê protagonista de "diplomacia do pingue-pongue" Próximo Texto: Militares do Equador anunciam prisão de cinco supostos integrantes das Farc Índice
|