|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresários temem perdas com crise
Medidas de Chávez contra negócios colombianos geram pressões nos dois países por entendimento
Comércio entre os vizinhos chegou a US$ 6,5 bilhões; exportadores colombianos temem perder mercado para Mercosul e asiáticos
ADRIANA KÜCHLER
DE CARACAS
IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
A ameaça de nacionalização
de empresas colombianas feita
pelo presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, causou protestos
de empresários nos dois países
-ela representa mais uma escalada na crise entre os dois
países, apesar de seus efeitos
práticos (há poucas empresas
colombianas na Venezuela) serem pequenos.
"Ministros, vamos fazer um
mapa das empresas colombianas. Algumas podem ser nacionalizadas. Não estamos interessados em investimentos colombianos aqui", disse Chávez
na quarta-feira à noite em uma
entrevista ao lado do colega
equatoriano, Rafael Correa.
As trocas comerciais entre os
dois países alcançaram US$
6,51 bilhões em 2007, mas, para
Chávez, a Venezuela não pode
mais depender "de nem um
grão de arroz da Colômbia".
O venezuelano vêm ameaçando adotar retaliações econômicas -como substituir a
carne colombiana pela brasileira- desde que o colega Álvaro
Uribe o afastou oficialmente da
mediação para a libertação de
reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em novembro.
Desde o domingo, depois do
ataque colombiano no Equador, a Guarda Nacional da Venezuela dificulta o tráfego de
mercadorias na principal passagem fronteiriça, em San Antonio del Táchira.
Ontem, ao comentar a ameaça de nacionalização, o governo
Uribe declarou apenas que espera o cumprimento de contratos e o pagamento de indenizações. "Esperamos que a Venezuela respeite o direito de propriedade. Se descumpri-lo, que
pague indenizações às empresas", disse o ministro da Fazenda, Oscar Iván Zuluaga.
Exportações
Segundo Roberto Cajamarca
Gómez, da Câmara de Comércio Colômbia-Venezuela, há no
mínimo 2.100 empresas colombianas que exportam para a
Venezuela. Mas o número de
companhias na Colômbia afetadas pela nacionalização seria
quase inexpressivo. "Quase todas as empresas colombianas
têm apenas uma filial na Venezuela, que importa e distribui
os produtos. São poucas as que
instalaram plantas lá", disse.
Um dos principais focos de
pressão para que Uribe negocie
com Chávez e impeça mais estragos econômicos é o pólo têxtil de Medellín, responsável por
35% da produção colombiana e
base eleitoral de Uribe.
"Há muitas multinacionais
de olho no mercado andino. Se
a Venezuela interromper totalmente as importações, perderemos esses investimentos",
disse Roberto Cajamarca.
Ainda segundo ele, a suspensão das vendas para a Venezuela poderá trazer prejuízos duradouros, porque os produtos colombianos sofrem grande concorrência do Mercosul e de países asiáticos, como a China e a
Coréia do Sul.
"Há produtos que vendemos
para a Venezuela que dificilmente poderíamos deslocar
para outros países. Não conseguiríamos vender carros para
os EUA ou União Européia, por
exemplo", disse.
Escassez
Na Venezuela, onde os empresários temem que a crise diplomática piore a escassez de
alimentos no país, a Federação
de Câmaras e Associações de
Comércio e Produção (Fedecamaras) divulgou comunicado
pedindo para que as relações
comerciais com a Colômbia
não sejam rompidas. Segundo o
texto, a Colômbia é responsável
por 30% dos principais produtos consumidos na Venezuela e
pela geração de 300 mil empregos diretos.
"O discurso do Executivo distancia ainda mais os investimentos, e isso é lamentável,
quando o que queremos é desenvolvimento", disse o presidente da Fedecámaras, José
Manuel González.
Texto Anterior: Militares do Equador anunciam prisão de cinco supostos integrantes das Farc Próximo Texto: Protesto reúne contrabandistas de gasolina Índice
|