DA REDAÇÃO

Oito dias depois de a rede de TV americana CBS ter divulgado as primeiras fotos revelando maus-tratos e tortura contra prisioneiros iraquianos, o presidente dos EUA, George W. Bush, finalmente pediu desculpas pela ação de seus militares, afirmando que as imagens deixaram os americanos "enojados".
Ontem, após encontro na Casa Branca, Bush relatou ter dito ao rei Abdullah, da Jordânia: "Sinto muito pela humilhação sofrida pelos prisioneiros iraquianos e a humilhação sofrida por suas famílias".
Bush também disse que lamentava que as ações de alguns guardas na prisão de Abu Ghraib, em Bagdá, estavam sendo mostradas como representativas dos valores americanos.
"Disse a ele que sentia muito igualmente que as pessoas, ao verem aquelas fotos, não compreenderam a verdadeira natureza e o coração da América", disse Bush, com o rei Abdullah ao lado.
Estavam presentes no encontro o secretário de Estado, Colin Powell, e a assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice.
Prometendo que os culpados serão julgados, Bush disse que queria assegurar que abusos e torturas não são um problema maior nas prisões militares americanas.
"É uma mancha para a honra e a reputação do nosso país", disse. "Estou enojado pelo que vi e enojado pelo fato de as pessoas terem tido a impressão errada."
As declarações do presidente americano foram mais incisivas do que as que ele havia dito no dia anterior, quando, em entrevistas a TVs árabes, classificou os maus-tratos de "abomináveis", mas não pediu desculpas.
A ausência de um pedido de desculpas foi bastante criticada dentro e fora do país, fazendo com que o seu porta-voz dissesse mais tarde que Bush "lamentava" os casos de tortura e maus-tratos. Ontem, Bush foi mais longe e afinal pediu desculpas.
As humilhantes imagens de maus-tratos contra prisioneiros iraquianos têm sido reproduzidas em todo o mundo -e especialmente no mundo árabe-, provocando duras críticas contra a atuação americana no Iraque.
Bush disse ter dito ao rei jordaniano: "Americanos como eu não apreciamos o que vimos, isso [as fotos] nos deixa enojados".
"Eu também deixei claro à Sua Majestade que as tropas que temos no Iraque para trazer segurança, paz e liberdade são as melhores entre as melhores."

Abdullah
Após as declarações de Bush, o rei jordaniano, um dos principais aliados de Washington no Oriente Médio, disse: "Estamos todos aterrorizados pelas imagens". Abdullah, no entanto, afirmou estar confiante de que as investigações encontrariam os culpados.
Para ele, os maus-tratos cometidos por alguns soldados "não refletem a moral e os valores" dos Estados Unidos.
Na última terça-feira, os EUA revelaram que 25 presos morreram sob custódia americana no Iraque e no Afeganistão. Dez desses casos estão sob investigação.