São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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CUBA

Relatório sugere que Washington evite ascensão do irmão Raul; "estamos trabalhando para o dia da liberdade", diz Bush

EUA planejam intervir na sucessão de Fidel

DA REDAÇÃO

Uma comissão presidencial liderada pelo secretário Colin Powell (Estado) recomendou que os Estados Unidos tomassem medidas para intervir na planejada sucessão cubana, em que o poder passaria do ditador Fidel Castro para o seu irmão mais novo, Raul.
O relatório de 500 páginas afirma que os EUA "rejeitam a continuação da ditadura comunista" na ilha. Seu conteúdo só foi divulgado ontem, após o presidente dos EUA, George W. Bush, tê-lo discutido com os membros da comissão.
O documento sugere "focar a pressão e a atenção na elite governante para que uma sucessão feita por essa elite ou por qualquer um de seus indivíduos seja vista como deveria: um impedimento a uma Cuba democrática e livre".
"Não estamos esperando o dia da liberdade cubana, estamos trabalhando para o dia da liberdade cubana", disse Bush a jornalistas em Washington, durante uma sessão de fotos.
Mais tarde, o secretário-assistente de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roger Noriega, disse que Bush aceita, em termos gerais, as recomendações do relatório, entregue oficialmente na última segunda-feira. Não ficou claro, porém, se e quando as medidas serão formalmente adotadas.
Um nota divulgada pela Casa Branca afirma que faz parte dos objetivos da política externa americana "pôr fim à cruel e brutal ditadura em Cuba".
A recomendação da comissão para bloquear os planos de sucessão em Cuba foi considerada um passo além da atual política de apressar a transição democrática no país.
Em 1961, durante o governo do presidente John Kennedy, os EUA promoveram uma fracassada invasão da baía dos Porcos, em Cuba, organizada com uso de exilados cubanos.

Remessas
Ao contrário do que vinha sendo especulado, o relatório não sugeriu nenhuma mudança no limite de US$ 1.200 por ano que as famílias cubano-americanas podem enviar para a ilha. Remessas de dinheiro e de pacotes de presentes, porém, se restringiram a parentes próximos. "Certos membros do governo e do Partido Comunista" ficariam proibidos de receber dinheiro ou presentes.
A comissão defende ainda uma redução de viagens de familiares à ilha. Em vez de uma viagem por ano, as visitas ao país se limitariam a uma a cada três anos.
Cuba tem tradicionalmente sido um dos principais temas de política externa nas eleições presidenciais americanas, sobretudo na Flórida, onde se concentram exilados e filhos de exilados cubanos após a revolução que levou Fidel ao poder, em 1959.

Repercussão
As primeiras reações no Congresso americano ao relatório foram divididas. Os republicanos de origem cubana, com forte presença na Flórida, elogiaram o documento.
Ao menos cinco senadores (dois republicanos), no entanto, disseram se opor às recomendações do relatório.
Bush destinou até US$ 59 milhões para serem gastos nos próximos dois anos para ajudar a acelerar a transição para a democracia na ilha.
Até US$ 36 milhões seriam gastos para financiar atividades pró-democracia e para apoiar familiares de opositores políticos, entre outras ações.
Também seriam destinados até US$ 18 milhões para driblar o bloqueio cubano à recepção da rádio e TV Martí. Ambos os veículos são financiados pelos EUA e destinados ao público cubano na ilha. Outros US$ 5 milhões também seriam destinados a disseminar informações no exterior sobre as violações de direitos humanos em Cuba e outros temas.


Com agências internacionais


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