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CULTURA AMEAÇADA
Índios lideram índices de pobreza no México
Desigualdade deu origem a rebelião em Chiapas
PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO
Apesar de a cultura indígena ser
considerada parte fundamental
do patrimônio mexicano, a discriminação se reflete nas condições
de vida dos índios -10% dos 97
milhões de habitantes. São os
mais desfavorecidos entre os 40
milhões de pobres do país, e boa
parte deles vive em situação de extrema pobreza em vilarejos sem
água corrente nem escolas. Em
geral, os que se aventuram a viver
na capital têm de abandonar suas
tradições e adotar nomes espanhóis, por pressão ou vergonha.
Membros de ao menos 56 povos
indígenas enfrentam índices de
analfabetismo e de mortalidade
infantil extremamente altos e não
raramente são explorados.
"No México, ninguém reconhece a discriminação com base na
ascendência indígena, mas basta
examinar os insultos, como "não
aja como um índio", por exemplo.
São coloniais e têm origem racista. No léxico popular, com frequência o termo índio é empregado de forma pejorativa", diz Paloma Bongil, especialista no tema.
A maior parte das cortes e das
instituições públicas fornece tradutores para línguas estrangeiras,
mas não para idiomas indígenas.
Tais condições deram origem,
em 1994, a uma rebelião no Estado de Chiapas, onde a situação é
crítica e o diálogo com o governo
não avança. O levante, organizado pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), surpreendeu a população, segundo o
cientista político Federico Estevez, pois, "na sociedade mexicana, todo mundo é um mestiço feliz", afirma ironicamente.
Ainda que criticada, a lei dos direitos e da cultura indígena recentemente aprovada foi uma tentativa de atender a reivindicações.
Ela proíbe a discriminação contra
índios, reconhece os direitos e as
culturas e obriga o governo a lhes
repassar recursos e promover políticas de desenvolvimento.
O líder zapatista, subcomandante Marcos, alegou, porém, que
a lei aprovada não estabelece os
mecanismos para o exercício desses direitos. O texto também impõe limites à autonomia prevista
em um projeto de 1996.
Deputados oposicionistas
anunciaram anteontem uma
frente unificada para revisar a lei.
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