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BÁLCÃS
Implementação de acordo dependia da votação de ontem, porém ainda precisa de ratificação em segundo turno
Parlamento macedônio facilita plano de paz
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O Parlamento macedônio aprovou ontem um projeto de reforma
constitucional vital para a implementação do acordo de paz entre
o governo e os rebeldes de origem
albanesa, que tem o apoio da comunidade internacional, após um
atraso de dois dias que ameaçara
a missão da Otan no país.
A operação Colheita Essencial
da aliança militar ocidental limita-se ao recolhimento de armas
entregues voluntariamente pelos
rebeldes, que haviam interrompido sua ação por causa da demora
do Parlamento em aprovar, em
primeiro turno, o projeto de reforma, cujo intuito é o de melhorar as condições de vida da população de origem albanesa.
"Para mostrar que não estavam
mentindo quando deram início
ao levante, os rebeldes começaram a entregar parte de suas armas, já que acreditavam que fossem atingir seus objetivos. Mas,
como o Parlamento relutava em
aprovar a reforma constitucional
que abriria caminho para a melhoria da situação da minoria de
origem albanesa, suspenderam a
entrega de armamentos", explicou à Folha Janusz Bugajski, diretor do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (EUA).
O Parlamento deverá ratificar a
aprovação da reforma constitucional depois que a Otan terminar
sua missão, o que está previsto
para ocorrer em 26 de setembro.
Até lá, a aliança espera recolher
3.300 armas dos guerrilheiros. A
fase mais complexa da implementação do acordo de paz só terá início depois dessa data.
Por isso os enviados especiais
dos EUA e da União Européia
(UE) já começaram a defender a
idéia do envio de uma força internacional à Macedônia, para supervisionar a implementação das
reformas constitucionais.
Elas prevêem a descentralização
do poder, a difusão do uso do albanês como língua oficial, o reconhecimento dos diplomas universitários de estabelecimentos com
ensino em albanês e o aumento da
representação de cidadãos de origem albanesa em cargos públicos.
A aprovação do projeto de reforma não agradou a deputados
nacionalistas eslavos, e a comunidade internacional teme que a reforma seja desvirtuada antes de
sua aprovação em segundo turno.
Afinal, a implementação do
acordo de paz deverá durar alguns meses, o que significa que a
Otan deixará a Macedônia num
momento em que a frágil estabilidade conquistada após sete meses
de conflito estará ameaçada.
"Se nenhuma força internacional for enviada à Macedônia após
o fim da missão da Otan, os poucos avanços conseguidos até agora serão postos em xeque. A comunidade internacional tem de
ajudar na consolidação da paz na
Macedônia", afirmou Bugajski.
Assim, James Pardew, enviado
americano, e François Léotard, da
UE, já defendem o envio de observadores ao país. Contudo vários
Estados europeus já expressaram
preocupação quanto à segurança
dos observadores caso eles não
sejam protegidos militarmente.
Léotard foi mais longe ontem e
propôs o envio de uma "força leve" da UE, que teria entre "1.500 e
2.000 soldados", para garantir a
segurança dos observadores internacionais. Estes poderiam estar a serviço da Organização para
Segurança e Cooperação na Europa, que já tem 50 pessoas no país.
No entanto, seguindo a tática
que marcou a intervenção internacional na Macedônia até agora,
o enviado da UE não quis falar em
"missão de paz" no país, que tem
2,2 milhões de habitantes -cerca
de 30% de origem albanesa.
Com agências internacionais
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