São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2007

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Síria diz ter repelido invasão israelense

Damasco afirma ter acionado defesa antiaérea contra aviões que penetraram seu espaço; premiê israelense diz ignorar incursão

Governo da Síria protesta contra "ação agressiva", alertando que "reserva o direito de reagir da forma que julgar apropriada"

DA REDAÇÃO

A Síria abriu fogo ontem contra aviões israelenses que invadiram seu espaço aéreo, informou a agência oficial de notícias síria, Sana. O primeiro-ministro de Israel , Ehud Olmert, disse desconhecer a incursão aérea no país inimigo.
Se for confirmado, o incidente terá sido o mais grave entre os dois países desde a Guerra do Líbano, no ano passado, quando o Exército israelense bombardeou durante 34 dias o grupo radical libanês Hizbollah. Com o apoio da Síria, o Hizbollah respondeu com o disparo de foguetes contra cidades israelenses.
"Aviões inimigos israelenses penetraram o espaço aéreo sírio do mar Mediterrâneo, dirigindo-se ao nordeste e rompendo a barreira do som", disse à Sana um porta-voz militar sírio, não identificado. "Nossas defesas aéreas os repeliram e os forçaram a se retirar."
O porta-voz disse ainda que os aviões israelenses lançaram munição em uma área não habitada, "sem causar danos materiais ou humanos", antes de fazer um alerta. "A República Árabe Síria adverte o governo do inimigo israelense contra essa ação agressiva e reserva o direito de reagir da forma que julgar apropriada."
O Exército israelense não comentou o episódio, alegando que "não tem o hábito de reagir a tais relatos". Horas depois, contudo, o premiê Ehud Olmert disse não ter conhecimento de nenhuma invasão israelense do espaço aéreo sírio. "Não sei do que você está falando", disse Olmert, ao ser questionado sobre o incidente pelo jornal "Haaretz".
Olmert insistiu que não havia ocorrido nada fora do normal. "Eu não pareço calmo?", indagou o premiê ao repórter.
O governo de Damasco, por outro lado, fez questão de demonstrar o oposto. Em entrevista à rede de TV Al Jazeera, Mohsen Bilal, ministro da Informação sírio, não poupou ataques ao país vizinho: "Israel de fato não quer a paz. Não pode sobreviver sem agressão, traição e mensagens militares".
Ele acrescentou que o governo sírio estava "estudando seriamente a natureza de sua resposta", mas não disse se ela seria militar ou diplomática. Bilal também não quis dar detalhes do episódio, afirmando apenas que ele era uma prova da "hostilidade" israelense.
Outro membro do gabinete sírio, Buthaina Shaaban, não quis afirmar se Israel desferira um ataque contra seu país, mas confirmou que houve violação do espaço aéreo. "Somos um país soberano. Eles não podem fazer isso", disse Shaaban, também à Al Jazeera.
O governo sírio não especificou que tipo de aeronave invadiu o seu espaço aéreo e muitas outras questões sobre o episódio continuavam sem resposta. Entre elas o número de aviões envolvidos e o ponto em que estavam quando a defesa antiaérea síria entrou em ação. De acordo com a agência Reuters, testemunhas viram quatro aviões perto da fronteira entre Síria e Turquia. Segundo outro relato, da TV Al Arabiya, os aviões israelenses foram atacados na região de Qamishli, perto da fronteira com o Iraque.


Com agências internacionais


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