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análise
Relação bipolar causa oscilação permanente
MARCELO NINIO
DA REDAÇÃO
Desde a guerra entre Israel
e a milícia libanesa Hizbollah, no ano passado, as relações entre Síria e Israel têm
sofrido oscilações comparáveis ao comportamento de
alguém que sofre de transtorno bipolar -variam da
euforia em torno da possibilidade de um acordo de paz à
depressão causada pela iminência de uma nova guerra.
Apesar de permanecerem
tecnicamente em estado de
guerra há 40 anos, Israel e Síria conseguiram manter nesse período uma convivência
em sua fronteira que, embora tensa, foi marcada pela ausência de incidentes graves.
O episódio de ontem entraria na longa lista de provocações sem maiores conseqüências trocadas pelos dois
inimigos históricos, não fosse pelos rumores que povoaram os últimos meses.
Em junho, quando a tomada das colinas do Golã da Síria pelo Exército israelense
completava quatro décadas,
o "Yediot Ahronot", jornal
mais popular de Israel, estampou em letras garrafais:
"Síria se prepara para confronto no verão".
A reportagem se baseava
em relatos de que o Exército
sírio realizara exercícios militares sem precedentes como preparativo para uma
guerra contra Israel nos meses seguintes. Sinais adicionais de escalada militar seriam a aquisição de baterias
antiaéreas do Irã e da Rússia,
além da antecipação das
grandes manobras anuais
militares do Exército sírio.
Ontem, enquanto os especialistas tentavam entender
a dimensão do incidente em
meio à escassez de informações precisas, o novo arsenal
sírio voltou a ser lembrado
como possível motivo da incursão noturna israelense.
"Talvez Israel estivesse coletando dados sobre mísseis de
longo alcance instalados no
norte da Síria", disse o especialista em contraterrorismo
israelense Boaz Ganor.
Se a Síria deu motivos para
que Israel temesse uma
guerra iminente, Israel respondeu na mesma moeda,
fazendo manobras no Golã e
abastecendo a imprensa de
advertências a Damasco. A
"Guerra do Verão" virou o
assunto da moda nos cafés de
Tel Aviv e contagiou os programas de TV israelenses,
que especulavam em detalhes como seria o confronto.
Os tambores de guerra, entretanto, não impediram o
ressurgimento de especulações sobre a retomada do
processo de paz entre os dois
países, estancado desde
2000. Rumores sobre negociações secretas começaram
a aparecer na imprensa, confundindo quem esperava o
pior. Os dois lados negaram
os contatos, mantendo as relações bilaterais do jeito que
estiveram nos últimos 40
anos: tensas, porém estáveis.
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