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São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Condoleezza Rice, assessora de segurança, deve ter palavra final no processo, aproximando Casa Branca de Bagdá

Bush muda comando da reconstrução

DA REDAÇÃO

Primeiro, foi o general da reserva Jay Garner. Depois, a fim de dar um caráter civil à ocupação militar do Iraque, o diplomata Paul Bremer. Agora, caberá a Condoleezza Rice, assessora de segurança nacional do presidente George W. Bush, assumir as rédeas da reconstrução iraquiana.
Diante dos cada vez mais numerosos problemas -e críticas- sofridos pela administração americana do Iraque, Bush nomeou Rice para liderar uma nova autoridade no país e aumentar a participação direta da Casa Branca no processo, em detrimento do Pentágono, ao qual responde Bremer.
Rice, um dos maiores "falcões" do governo americano e uma das assessoras mais próximas ao presidente, comandará o Grupo de Estabilização do Iraque -um grupo de apoio a Bremer que passa a operar nesta semana.
"O trabalho de Condi e a equipe de Condi vão assegurar que os esforços sejam -continuem a ser- coordenados, para que continuemos a progredir", declarou o presidente na Casa Branca.
Já nas palavras de um funcionário do governo citado pelo jornal "The Washington Post", o objetivo do novo grupo será resolver problemas diários e "descer o chicote" sobre o controle dos recursos que a Autoridade Provisória da Coalizão, chefiada por Bremer, receber de Washington e de outros governos. Com isso, disse o funcionário, cujo nome não foi revelado, Bush pretende passar a mensagem de que o Iraque é "prioridade de todo o governo".

Responsabilidades
"O que queremos, desta vez, é estabelecer um ponto no qual nos concentrarmos e uma fonte central de responsabilidade e prestação de contas", afirmou. Esse ponto de centralização seria Rice.
O grupo, segundo o "Post", foi criado pela própria assessora em um relatório confidencial emitido na última quinta-feira. Funcionários do governo afirmaram que o projeto vinha sendo discutido entre ela, Bush e o vice-presidente, Dick Cheney, desde agosto.
Sua estrutura se divide em quatro áreas, cada uma com um administrador e todas submissas a Rice: combate ao terrorismo, economia, política e mídia.
Não está claro se, com a criação do grupo, a autoridade de Bremer e do Pentágono será reduzida.

Falta de planejamento
Nos últimos meses, o governo vinha dizendo que a Casa Branca não teria uma participação direta maior no processo de reconstrução iraquiano, para o qual foi designada a APC. A decisão de envolver uma assessora próxima no processo, entretanto, mostra que Bush sentiu necessidade de ter maior controle da situação ao se deparar com problemas muito maiores do que os EUA esperavam encontrar no país.
O primeiro desses problemas é o surto de ataques a tropas americanas no país, que continua a produzir baixas quase que diárias.
O segundo é a dificuldade em obter recursos internacionais.
Nos próximos dias 23 e 24, ocorre em Madri uma conferência de doadores que pretende arrecadar fundos para a reconstrução. Até lá, os EUA esperam aprovar uma nova resolução no Conselho de Segurança da ONU a fim de conquistar o apoio externo.
Mas a proposta inicial pouco entusiasmou os demais membros do conselho e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Este já deu a entender que o organismo não se envolverá mais no processo político do Iraque a menos que seja para coordená-lo. Como Rice vai, a partir desta semana, coordenar o processo político iraquiano, isso parece pouco provável.

Turquia
O gabinete da Turquia concordou ontem em propor ao Parlamento do país o envio de até 10 mil soldados ao Iraque.
Antes da guerra, o gabinete havia aprovado a concessão do uso de suas bases próximas à fronteira com o Iraque às tropas americanas, mas o Parlamento a vetou.


Com agências internacionais

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