São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Governo do Equador dá prazo à Petrobras

Quito adverte que atual contrato de exploração será cancelado se estatal brasileira não assinar novo acordo em até 30 dias

Lobão diz que há "pequena insatisfação" do Equador no caso e que Brasil defenderá seus interesses "dentro da amizade" entre os países


FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O governo equatoriano voltou a afirmar ontem que cancelará o contrato de exploração do bloco 18 da Petrobras caso a empresa não chegue a um acordo em menos de 30 dias.
Em entrevista coletiva ontem, o ministro de Minas e Petróleo do Equador, Galo Chiriboga, disse que o prazo para chegar a um acordo é "o menor possível" e que o governo não esperará o resultado final de uma auditoria sobre o bloco, que deve ficar pronta em até 45 dias. "A mim me parece que a Petrobras estendeu de forma incompreensível a negociação. Não é um problema do Estado equatoriano", disse Chirigoba.
As pressões sobre a Petrobras para assinar um acordo que a transforma em prestadora de serviços -exigência estendida a todas as petroleiras- aumentaram depois que não houve acordo até o dia 26 de setembro, prazo fixado pelo governo de Rafael Correa.
Pelos novos contratos, o governo ficaria com toda a extração, em troca do pagamento dos custos de produção e de uma margem de lucro às companhias de petróleo.
Em paralelo às negociações, o bloco 18, da Petrobras, também é alvo de uma investigação para determinar se a empresa está explorando ilegalmente o bloco de petróleo vizinho, chamado Palo Azul, ou se os dois campos de petróleo são "unificados". Caso a conclusão seja desfavorável à empresa, a exploração ficará inviabilizada.
Chiriboga, no entanto, deixou claro que a auditoria contratada para apurar a suposta irregularidade "não pode ser vinculante ao contrato". "Não esperaremos mais 30 dias."
Procurada pela Folha, a Petrobras se limitou a informar, via assessoria de imprensa, "que continua negociando com o governo equatoriano em clima de cordialidade e nada comentará sobre as declarações do ministro".
O bloco 18 produz, em média, 32 mil barris de petróleo/dia e é a única operação da Petrobras no Equador. Recentemente, a empresa devolveu o seu outro bloco, o 31, ao Estado.

"Pequena insatisfação"
Para o ministro brasileiro de Minas e Energia, Edison Lobão, o governo do Equador está manifestando uma "pequena insatisfação" com o Brasil.
"O Brasil tem obrigação de defender seus interesses e o fará, dentro das normas vigentes internacionais", disse.
"O assunto está sendo tratado em nível diplomático, com assistência da Petrobras. Entre os países civilizados não há por que imaginar prejuízos provocados unilateralmente. O que está havendo é uma pequena insatisfação daquele governo, que nós estamos tratando de examinar e decidir junto com eles, dentro da amizade que os países têm", afirmou.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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