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Para estudante, ação em Caracas
alcançou meta
DA REPORTAGEM LOCAL
Benicio Tosar, 1 dos 3 estudantes venezuelanos que se
amarraram a um sofá anteontem na Embaixada do
Brasil em Caracas, considera
que a manifestação alcançou
o objetivo de chamar a atenção para a questão dos direitos humanos no país.
Tosar critica, porém, os diplomatas, por terem agido
para encurtar a permanência
do grupo na representação. E
enfatiza ter recebido o compromisso de que suas petições chegarão a Brasília.
"Fazemos um pedido ao
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que já demonstrou
boas intenções no caso de
Honduras, que teve essa conquista trazendo a Olimpíada
para a América do Sul, que
levante sua voz em defesa
dos direitos humanos na
OEA (Organização dos Estados Americanos)", disse à
Folha Tosar, 21, que é secretário-geral da Federação de
Estudantes de Direito, de alcance nacional.
Inspirados na crise em
Honduras, os três universitários de oposição ao governo Chávez entraram na embaixada às 9h e só saíram às
18h de anteontem. Algemaram-se "simbolicamente" ao
sofá usando lacres plásticos
de malas e, enquanto negociavam para conversar com o
embaixador Antonio Simões,
concediam entrevistas.
"Não nos permitiram ir ao
banheiro da embaixada. Um
dos meus companheiros fez
suas necessidades nas calças", relatou o estudante.
Na carta que entregaram
aos diplomatas brasileiros,
os três pediram os "bons ofícios" de Lula para ajudar a
convencer Chávez a permitir
a visita ao país da Comissão
Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH), comissão
independente ligada à OEA.
Para o governo, o órgão é vetado por ser "politizado".
Segundo a Folha apurou, a
avaliação brasileira é que a
representação brasileira em
Caracas agiu como de praxe:
evitou um desfecho que levasse os estudantes a serem
retirados pelos seguranças e
recebeu, como de praxe, o
documento que entregaram
-estratégia legítima para
chamar atenção para uma
demanda interna. Avalia-se
ainda que essa é uma questão interna na qual só haverá
envolvimento de Brasília se
Chávez o solicitar.
Quanto à acusação de que
os diplomatas impediram
que os estudantes usassem o
banheiro a embaixada, uma
fonte diplomática afirma
que havia um banheiro na
recepção do prédio. Diz que
os universitários não o utilizaram porque quiseram ficar
o máximo possível dentro da
representação brasileira.
Em junho de 2008, sem
maiores incidentes, um grupo estudantes chilenos invadiu a Embaixada do Brasil
em Santiago para pedir ajuda na "interlocução" com o
governo chileno para discutir a reforma educacional.
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