São Paulo, quarta-feira, 07 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para estudante, ação em Caracas alcançou meta

DA REPORTAGEM LOCAL

Benicio Tosar, 1 dos 3 estudantes venezuelanos que se amarraram a um sofá anteontem na Embaixada do Brasil em Caracas, considera que a manifestação alcançou o objetivo de chamar a atenção para a questão dos direitos humanos no país.
Tosar critica, porém, os diplomatas, por terem agido para encurtar a permanência do grupo na representação. E enfatiza ter recebido o compromisso de que suas petições chegarão a Brasília.
"Fazemos um pedido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já demonstrou boas intenções no caso de Honduras, que teve essa conquista trazendo a Olimpíada para a América do Sul, que levante sua voz em defesa dos direitos humanos na OEA (Organização dos Estados Americanos)", disse à Folha Tosar, 21, que é secretário-geral da Federação de Estudantes de Direito, de alcance nacional.
Inspirados na crise em Honduras, os três universitários de oposição ao governo Chávez entraram na embaixada às 9h e só saíram às 18h de anteontem. Algemaram-se "simbolicamente" ao sofá usando lacres plásticos de malas e, enquanto negociavam para conversar com o embaixador Antonio Simões, concediam entrevistas.
"Não nos permitiram ir ao banheiro da embaixada. Um dos meus companheiros fez suas necessidades nas calças", relatou o estudante.
Na carta que entregaram aos diplomatas brasileiros, os três pediram os "bons ofícios" de Lula para ajudar a convencer Chávez a permitir a visita ao país da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), comissão independente ligada à OEA. Para o governo, o órgão é vetado por ser "politizado".
Segundo a Folha apurou, a avaliação brasileira é que a representação brasileira em Caracas agiu como de praxe: evitou um desfecho que levasse os estudantes a serem retirados pelos seguranças e recebeu, como de praxe, o documento que entregaram -estratégia legítima para chamar atenção para uma demanda interna. Avalia-se ainda que essa é uma questão interna na qual só haverá envolvimento de Brasília se Chávez o solicitar.
Quanto à acusação de que os diplomatas impediram que os estudantes usassem o banheiro a embaixada, uma fonte diplomática afirma que havia um banheiro na recepção do prédio. Diz que os universitários não o utilizaram porque quiseram ficar o máximo possível dentro da representação brasileira.
Em junho de 2008, sem maiores incidentes, um grupo estudantes chilenos invadiu a Embaixada do Brasil em Santiago para pedir ajuda na "interlocução" com o governo chileno para discutir a reforma educacional.


Texto Anterior: Lula poderia conter Chávez, diz venezuelano
Próximo Texto: EUA querem deter imigrante ilegal em hotel
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.