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Alemães obtêm
documentos do
antigo regime
DO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Escuta clandestina. Agentes secretos infiltrados na sociedade para delatar inimigos do governo. Interrogatórios com agressões físicas,
que podiam acabar em morte. Não são poucas as semelhanças no modo de operação do regime militar brasileiro e da ditadura comunista da antiga Alemanha
Oriental. Mas o destino de
seus fantasmas foi diferente.
No momento em que ainda se discute no Brasil a
abertura do baú do regime
militar, o chefe da divisão de
informação dos arquivos da
Stasi, a polícia secreta da
Alemanha Oriental, Herbert
Ziehm, diz que 2,1 milhões
de alemães já pediram para
ter acesso aos documentos
produzidos entre 1950 e
1989. Metade conseguiu.
"Depois que o muro caiu,
muita gente queria que os
arquivos continuassem secretos, principalmente os
colaboradores do regime.
Temia-se a falta de maturidade da sociedade alemã para lidar com os fantasmas do
comunismo. Com medo de
serem perseguidos, ex-funcionários da Stasi falavam
até mesmo em guerra civil se
os arquivos fossem abertos.
Mas decidimos torná-los
públicos, expondo os antigos colaboradores do regime
a um julgamento moral e até
criminal. E fizemos a escolha
certa. A transparência mostrou-se a melhor opção para
lidar com a sombra de um
poder autoritário", afirmou
Ziehm à Folha.
Ao acessar os arquivos,
descobriram que 5,1 milhões
de pessoas foram observadas pelos colaboradores informais do regime. Quando
o muro caiu, sobraram 6 milhões de fichas em papel,
cartas, gravações e microfilmes. Um mergulho no passado ao qual o Brasil ainda
não se aventurou.
(FS)
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