São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2000 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REINO UNIDO Pacote antiviolência, apresentado pela rainha, pode ser cartada eleitoral Tony Blair propõe toque de recolher DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS As novas propostas do governo trabalhista britânico para combater o crime e a violência juvenil, que incluem até toque de recolher, foram o ponto central do discurso da rainha Elizabeth 2ª ontem na abertura anual dos trabalhos do Parlamento. Segundo analistas, o premiê Tony Blair estaria pensando em convocar eleições em maio, e a ênfase "na lei e na ordem" - bandeira dos conservadores- visaria manter o apoio da classe média. "Meu governo está determinado a combater todos os aspectos do crime para proteger todos os membros da sociedade", disse a rainha, apresentando aos parlamentares o pacote do governo para enfrentar a violência juvenil. Caso o pacote antiviolência seja aprovado pelo Parlamento, a polícia será autorizada a impor toque de recolher para manter adolescentes de até 15 anos fora das ruas à noite; o consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos será proibido; quem apresentar "comportamento desordeiro" terá de pagar multa; e a polícia poderá fechar bares em caso de arruaça. Blair diz que a criminalidade no Reino Unido diminuiu nos últimos três anos, mas pesquisas de opinião mostram que os britânicos sentem um medo cada vez maior da violência. O anúncio dos planos do governo ocorre uma semana depois de um assassinato que chocou o país. Damilola Taylor, um nigeriano de 10 anos, sangrou até a morte nas escadarias de um conjunto habitacional em Londres após ter sido esfaqueado na perna. Ataque à monarquia O jornal "The Guardian", antimonarquista e um dos mais respeitados do país, aproveitou a cerimônia no Parlamento para pedir um plebiscito sobre o futuro da monarquia e contestar a lei da sucessão monárquica, que proíbe a coroação de não-protestantes. Segundo o jornal, o mínimo que a monarquia britânica deveria fazer é abolir a lei, que contraria o Ato de Direitos Humanos aprovado recentemente. O "The Guardian" acabou contribuindo para a irreverência e o humor durante a cerimônia. Quando o emissário de Elizabeth 2ª foi até a Câmara dos Comuns (onde estão os deputados eleitos pela população) pedir aos parlamentares que comparecessem ante a rainha para ouvir o discurso, um dos deputados mais esquerdistas da casa, o trabalhista Dennis Skinner, respondeu: "Mande-a ler o "The Guardian'". Texto Anterior: Entenda a evolução dos tratados da União Européia Próximo Texto: América Latina: Supremo censura o juiz do caso Pinochet Índice |
|