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EDUCAÇÃO
Pesquisa no Reino Unido revela que 51% dos pais apóiam bater em alunos para reforçar a disciplina
Castigo físico na escola divide britânicos
FÁBIO ZANINI
de Londres
Mais da metade dos pais britânicos defendem a volta da aplicação de castigos corporais em
crianças que se comportam mal
nas escolas, segundo pesquisa
com mil pais do Reino Unido divulgada pelo jornal "The Times".
A prática de bater em alunos
mal comportados foi banida de
escolas públicas britânicas há 14
anos e de escolas particulares no
ano passado.
Mas 51% dos entrevistados, de
acordo com o levantamento, gostariam que o castigo fosse restabelecido, como forma de educar
seus filhos.
Outra conclusão da pesquisa é
que 90% dos pais acreditam que a
culpa pelos problemas disciplinares nas escolas não é dos professores, mas sim dos próprios alunos.
O mau comportamento das
crianças também aparece no topo
das preocupações dos pais.
Um quarto dos entrevistados
disse que o maior problema nas
escolas é a indisciplina, o que coloca esse item à frente de deficiências como má formação de professores, classes "inchadas" e fraco conteúdo pedagógico.
Jerry Tissier, da organização
não-governamental NSPCC (sigla
em inglês para Sociedade Nacional de Prevenção à Crueldade
contra Crianças), diz que a posição dos pais é "compreensível".
"O castigo corporal faz parte da
tradição educacional britânica, e
muitos pais acham que os problemas escolares se intensificaram
desde o banimento desta prática",
disse Tissier à Folha.
Para ele, muitos pais estão "mal
informados". "Bater em crianças
pequenas é cruel e ineficaz, porque muitos podem não entender
porque estão apanhando. E em
estudantes mais velhos o castigo
pode gerar ressentimento e mais
violência", disse Tissier.
A prática de castigar fisicamente os estudantes era indiscriminada: apanhavam desde crianças de
dois anos até adolescentes.
Geralmente usava-se uma tábua
ou bastão de madeira, mas em algumas escolas os golpes eram dados à mão -e em público.
Para Doug McAvoy, dirigente
do NUT (sindicato nacional de
professores), o resultado da pesquisa é, na verdade, uma "boa notícia". "O número de pais defensores da volta do castigo é menor
do que em pesquisas anteriores."
Apesar das ponderações de
educadores, muitos britânicos
permanecem irredutíveis.
Mary Walker, moradora da região do Chelsea (sul de Londres),
disse que daria razão a um professor que batesse em um aluno "endiabrado" -inclusive se isso
acontecesse com seus netos.
"Bater é uma atitude extrema,
mas necessária para impor limites. É a única maneira de evitar
que uma criança mal educada se
torne um adulto problemático."
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