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O ESPECIALISTA
Para educadores, pais pedem ajuda à escola
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
A defesa da aplicação de castigos corporais é um aspecto de
uma discussão mais ampla que
está ocorrendo na atualidade: a
definição do papel da escola na
formação de crianças e jovens.
"Ao defender os castigos corporais, os pais querem que a escola
cuide da formação moral, o que,
no século 20, passou a ser uma tarefa da família. Mas existe uma
tendência de as escolas tentarem
impor mais limites aos alunos",
diz Júlio Groppa Aquino, professor de psicologia da Educação da
Faculdade de Educação da USP.
O educador explica que, ao longo deste século, se definiu a especificidade do papel da escola. "Ela
passou a ser responsável pela
transmissão de conhecimentos. A
família ficou com a formação moral, e a mídia, com a difusão de informações. Antes, a escola também se ocupava do lado moral."
Por isso, completa Aquino, a
defesa dos castigos corporais como instrumento de disciplina implica atribuir à escola uma função
que não é mais dela.
A demanda para que a escola se
encarregue da disciplina das
crianças e dos jovens é uma realidade no Brasil também. "O castigo físico é abominável, mas a busca por limites é uma tendência
que se percebe há algum tempo.
Os pais estão pedindo ajuda aos
educadores", diz Ciro de Figueiredo, presidente do Grupo, uma
associação que reúne cerca de 50
escolas particulares de São Paulo.
Assim, diz ele, as escolas se
vêem diante do desafio de definir
sanções aos alunos, que variam
dos tradicionais castigos (impedir
que o aluno frequente o recreio,
por exemplo) às advertências.
Os motivos que levam os pais a
pedir socorro à escola estão ligados ao estilo de vida contemporâneo, para a educadora da USP Sílvia Colello. "É um problema social, que não se limita ao universo
escolar. A escola recebe o efeito de
uma sociedade sem limites, mas
falta sintonia entre ela e os pais."
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