São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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Alemanha revive terror dos 1970 com pedido de libertação de condenados

31.out.1968/Associated Press
Andreas Baader, um dos fundadores do Baader-Meinhof, que se suicidou em 1977, e Gudrun Ensslin num tribunal de Frankfurt


MARK LANDLER
DO "NEW YORK TIMES", EM FRANKFURT

Em outubro vai fazer 30 anos que os líderes do grupo Baader-Meinhof cometeram suicídio em suas celas em penitenciárias alemãs, encerrando uma temporada anárquica de seqüestros e assassinatos que veio a ser conhecida como o "outono alemão".
Quando a imprensa do país começa a relembrar aqueles dias, dois dos últimos quatro membros presos do grupo, que veio a ser conhecido como Fração do Exército Vermelho, pediram às autoridades sua libertação antecipada.
As petições deflagraram um debate sobre a maneira pela qual deveriam ser tratados os dois terroristas de extrema esquerda, que nunca expressaram arrependimento pelos seus crimes.
Brigitte Mohnhaupt, 57, e Christian Klar, 54, foram condenados pelos assassinatos de um presidente de banco, um promotor público federal e um líder sindical, em 1977. Sentenciados à prisão perpétua, já cumpriram 24 anos.
A julgar pela atenção dedicada ao tema, os alemães continuam fascinados por uma era em que os terroristas protestavam ferozmente contra os "porcos capitalistas".
"Existe um pouco do típico romantismo alemão em ação nesse caso", disse Henryk M. Broder, da revista "Der Spiegel". "Essas pessoas não estavam em busca de dinheiro. Não estavam em busca de poder. Eram idealistas desorientados, e é isso que os alemães tendem a cultuar."
Uma larga maioria dos alemães se opõe a que Mohnhaupt e Klar sejam libertados. As pessoas que apóiam suas petições apresentam argumentos estritamente jurídicos, como o de que a dupla não mais representa ameaça à sociedade. Os 24 anos que eles passaram presos superam o período de prisão que qualquer dos criminosos de guerra nazistas serviu no país.
Para a Alemanha Ocidental, a onda de terrorismo dos anos 70 e 80 representou um teste da democracia. "Diante do terrorismo que temos de combater hoje, o dos anos 70 era brincadeira de criança", disse Josef Joffe, editor da revista semanal "Die Zeit". "Era o tipo de terrorismo que se podia combater com meios nacionais, e com as ferramentas comuns da Justiça criminal."


NA INTERNET - Leia a íntegra em www.folha.com.br/070382


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