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EUA pressionam europeus por tropas no Afeganistão
Rice faz visita-surpresa a Cabul; reunião da Otan na Lituânia reflete mal-estar
Americanos acreditam que
Alemanha, França e Itália
evitam enviar seus homens
ao sul, onde combates com o
Taleban são mais intensos
DA REDAÇÃO
O Afeganistão é objeto de um
fogo cruzado: os Estados Unidos se queixam dos países europeus -sobretudo da Alemanha- pelo não envio de tropas
às zonas de combate. Há o mal-estar entre o Reino Unido e o
presidente afegão, Hamid Karzai. E o Fundo Monetário Internacional acusa o governo local de inaptidão.
Esse conjunto de tensões teve ontem como pano de fundo
uma reunião da Otan, aliança
militar ocidental, em Vilna, capital da Lituânia, e uma viagem-surpresa da secretária de
Estado americana, Condoleezza Rice, e do ministro britânico
do Exterior, David Miliband, a
Cabul e Candahar, ao sul do
país asiático, onde é forte a milícia islâmica do Taleban.
Anteontem, em Washington,
o secretário americano da Defesa, Robert Gates, disse no
Congresso que alguns países da
Otan "estão dispostos a lutar e a
morrer para proteger a segurança das pessoas, mas há outros que não demonstram essa
mesma disposição".
EUA, Canadá, Reino Unido e
Holanda têm contingentes no
sul e enfrentam o Taleban
-grupo ligado à Al Qaeda, deposto em 2001 pelos ocidentais. Mas o Pentágono critica a
Alemanha, França, Espanha e
Itália por fazerem corpo mole.
Os 39 membros da Otan têm
militares no Afeganistão (42
mil homens), e os maiores contingentes são o americano (15
mil), o britânico (7.800), o alemão (3.210), o italiano (2.800),
e o canadense (2.500).
Taleban está revigorado
O Taleban deu no ano passado inédita demonstração de
força, com 6.500 mortos em
atentados e entrechoques.
Morreram 218 soldados estrangeiros, sobretudo no sul.
O Canadá, que perdeu 78 militares, ameaça se retirar daquela região caso não receba
um reforço de mil homens.
O ministro alemão da Defesa,
Franz Josef Jung, afirmou na
conferência da Otan, em Vilna,
que seu contingente se limitaria a missões autorizadas em
Berlim pelo Parlamento. A
França enviará 700 pára-quedistas ao sul, mas só oficializará
a decisão no início de abril, na
reunião da Otan em Bucareste.
O litígio entre Cabul e Londres é mais delicado. O presidente Karzai, a portas fechadas,
em Davos, criticou em janeiro o
Reino Unido por tê-lo pressionado em 2006 pela remoção do
poder civil de certa região, que
em seguida as tropas britânicas
não conseguiram defender, o
que favoreceu o Taleban.
Karzai também vetou lorde
Paddy Ashdown, britânico
apoiado por Washington, para
ser o representante da ONU em
Cabul. O motivo, diz o "New
York Times", foi o temor de que
uma personalidade forte eclipsasse seu poder pessoal.
Críticas a Karzai
A secretária Condoleezza Rice, a caminho de Cabul, disse
ainda no avião a jornalistas que
o governo afegão deveria assumir suas responsabilidades e
também enfrentar [militarmente] o Taleban. Mais uma
crítica indireta a Karzai, que,
em verdade, controla apenas a
capital e regiões mais ao norte.
As declarações em público
-de Rice, de Karzai e de Miliband, em Cabul, e dos ministros no encontro da Otan, na
Lituânia- foram bem mais
conciliadoras. A secretária de
Estado, por exemplo, elogiou o
governo afegão e disse que "essa é uma guerra demorada porque os terroristas não se deixam derrotar com facilidade".
Há por fim o diagnóstico sobre a economia afegã feito pelo
FMI. O "Financial Times", disse ontem que, para um dos especialistas envolvidos, "o Afeganistão depende quase inteiramente da ajuda externa e dos
lucros obtidos com o ópio".
O FMI não divulgou seu relatório e, ao fazê-lo, usará palavras menos contundentes. Mas
ele acusa Karzai de não ter implementado uma rede para a
coleta de impostos que dê autonomia às finanças do Estado e o
critica por ter adotado alíquotas diferenciadas de importação que beneficiam amigos ou
grupos com afinidades tribais.
Com agências internacionais
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