São Paulo, segunda, 8 de fevereiro de 1999

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PARAGUAI
Presidente diz que caso está "encerrado'
Cubas volta a negar prisão para Oviedo

das agências internacionais

O presidente do Paraguai, Raúl Cubas, desafiou ontem mais uma vez a Suprema Corte do país e voltou a dizer que não vai mandar prender seu aliado Lino Oviedo, general da reserva condenado à prisão por tentativa de golpe.
"O assunto está encerrado", disse o presidente paraguaio. Cubas argumenta que o Executivo não está subordinado ao Judiciário. A Corte Suprema disse, na sexta-feira, que o presidente deveria emitir um mandado de prisão dentro de no máximo 72 horas.
"O presidente Cubas deverá ser submetido a um juízo político no Congresso por desacato à Suprema Corte", disse Carlos Filizzola, presidente do Partido Encontro Nacional, o segundo mais importante da oposição paraguaia.
Cubas não está contrariando apenas a Justiça ao evitar que seu aliado volte para trás das grades -uma pesquisa divulgada ontem afirmou que a maioria da população paraguaia quer a prisão de Oviedo.
Segundo a pesquisa, publicada pelo jornal "Noticias", 62,3% dos entrevistados afirmaram que o presidente paraguaio deve acatar a ordem da Suprema Corte e emitir um mandado de prisão do general.
Apenas 23,9% consideraram injusta a pena de dez anos de prisão que Oviedo recebeu em 1998.
Naquele ano, o general liderava as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais quando foi condenado pela tentativa de golpe que havia encabeçado em abril de 1996.
Seu então candidato a vice, Raúl Cubas, acabou assumindo a candidatura a presidente e, com o respaldo popular de Oviedo, venceu as eleições realizadas em maio.
Outro panorama
No poder, o novo presidente paraguaio decretou a libertação de seu amigo golpista, detido havia dez meses em uma prisão militar de Assunção (capital do país).
Agora, a população paraguaia, que permitiu a libertação de Oviedo ao eleger presidente o seu vice, pede a prisão do general.
Segundo o sociólogo José Nicolás, que participou da elaboração da pesquisa, os cidadãos "têm consciência de que a convivência civilizada funda-se no respeito às decisões judiciais". A pesquisa, com 1.300 pessoas, não teve divulgada sua margem de erro.



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