|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARIBE
Cinegrafista de TV espanhola está entre as vítimas; força de paz estrangeira é criticada por omissão na segurança
Atiradores matam ao menos seis em marcha no Haiti
DA REDAÇÃO
Uma manifestação que reuniu
milhares de haitianos ontem em
Porto Príncipe para celebrar a
queda do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide terminou em tumulto quando tiros foram disparados contra a multidão. Pelo menos seis pessoas morreram, inclusive o cinegrafista de uma TV espanhola, e dezenas foram feridas.
De acordo com testemunhas, os
tiros teriam sido disparados por
partidários de Aristide, que está
em exílio provisório na República
Centro-Africana.
As testemunhas disseram que
havia atiradores no topo dos prédios e em dois veículos que se
aproximaram em alta velocidade
das pessoas que participavam da
manifestação.
"Um bando inteiro do Lavalas
[movimento político ligado a
Aristide] veio atirando em todas
as direções, usando artilharia pesada", afirmou Ingrid Arnesen,
produtora da rede CNN.
"Foi um massacre", disse Leonce Charles, que assumiu a Polícia
Nacional Haitiana na semana
passada. Desde o dia 5 de fevereiro, início da rebelião, mais de 200
pessoas foram mortas.
"Longe da ação"
Após o tumulto, houve protestos contra a omissão das forças internacionais de manutenção da
paz. Hoje há cerca de 2.500 soldados estrangeiros na ilha do Caribe-americanos, franceses, canadenses e chilenos. O Brasil também deve enviar reforços.
"As forças de paz estavam longe
de onde ocorreram os tiros", disse
Almil Costel, ferido no ombro esquerdo por duas balas. "Pessoas
estão morrendo todos os dias neste país. Vocês têm que fazer algo a
respeito", disse outro homem para uma tropa de marines americanos, por meio de caixas de som
instaladas em um caminhão.
Simpatizantes de Aristide também haviam planejado uma manifestação para ontem, mas a
adiaram para hoje, por não terem
obtido garantias de segurança das
forças de paz. "Os americanos estão aqui somente para proteger
aqueles que ajudaram a derrubar
Aristide. Se tivéssemos armas, estaríamos lutando contra eles agora", disse Ednar Ducoste, partidário do ex-presidente.
Rearmamento
Depois do incidente, Guy Philippe, um dos líderes rebeldes do
movimento que causou a saída de
Aristide, ameaçou rearmar suas
tropas. Durante a semana passada, ele havia dito que se as forças
de paz garantissem a segurança,
seu grupo de insurgentes abandonaria as armas.
Em entrevista a uma estação de
rádio, Philippe, que participou
das manifestações de ontem vestindo roupas civis, afirmou que
"logo será obrigado a dar a ordem
a suas tropas de retomar as armas
que haviam deposto".
O cinegrafista morto ontem é o
espanhol Ricardo Ortega, que trabalhava para a rede de televisão
Antena 3. De acordo com um cinegrafista da Reuters, pelo menos
quatro outros jornalistas foram
feridos, incluindo o americano
Michael Laughlin, do "Sun-Sentinel". Um porta-voz do jornal disse que Laughlin levou tiros no
rosto e no ombro.
Os sete integrantes do "conselho de anciãos" criado para escolher o novo primeiro-ministro do
Haiti encontraram-se pela terceira vez ontem. Eles devem revelar
o nome do premiê amanhã.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Xiitas prometem assinar a Constituição hoje Próximo Texto: Oriente Médio: Operação de Israel em Gaza deixa 14 mortos e 81 feridos Índice
|